Peixe Grande
Aproveitei
o frescor da manhã chuvosa, coloquei meu novo chapéu que ganhei vindo do
Panamá, convidei meu pensamento e fomos rever o centro de Manaus. A cidade está
quase deserta, um convite a caminhar. Aqui no mercado Adolpho Lisboa os
permissionários conversam entre si, por falta de clientes, dando-me
oportunidade de puxar conversa, especialmente com os mais antigos. Hoje a
conversa sobre Manaus escasseou, e logo comecei a ouvir histórias de grandes
pescarias num passado em que os peixes boiavam nas escadarias dos remédios e
vez por outra surgia um afoito tubarão que havia subido o Rio Amazonas vindo lá
das bandas do Pará. ─ Ora, um tubarão que viaja da foz do Amazonas até aqui não
merece ser pescado, precisa ser preservado pela sua coragem, dizia Palmari. Palmari
é um homem conhecido entre pescadores por Carapura o quer dizer pescador de
peixe grande, mas as más línguas dizem que o seu maior peixe pescado foi um
lambari, entretanto eu acredito nele e em suas histórias, afinal de contas ele
é meu amigo. Palmari aproveitou para contar que antigamente só pescava peixes
nobres que não pesassem menos de dez quilos, inclusive o Jaraqui e o Cará. Para
maior encanto, contou suas aventuras de fartas pescarias quando em Janauacá
fisgou um Pirarucu de oitocentos quilos dando muito trabalho para colocá-lo na
canoa, e ao chegar próximo à praia uma cobra grande engoliu o peixinho pensando
ser uma sardinha. Palmari ainda hoje é grato a Deus por não ter sido engolido
pelo monstruoso reptil. Também contou um fato interessante de numa pescaria num
grande lago em Tefé. ─ Contarei esse caso porque sei que você sendo também um pescador
acreditará em mim e sabe que existem muitos fenômenos estranhas em águas que muitos desconhecem. Emocionado,
disse Palmari. Acredito
em suas histórias, sei que você é um grande pescador, respondi
Creia
seu Antonio: Estava à beira do lago, era manhã, ainda, nem via os raios do Sol,
caia um sereno suave de manhã sorridente. Arrumei a canoa e me lancei ao lago.
O sereno serenou, o Sol nasceu com raios dourados e animadores e eu joguei o
anzol pensando comigo mesmo: ─ hoje será um grande dia, só eu, o lago e a
canoa. Pescarei um grande peixe e vou contar pra o todo mundo até que a notícia
chegue a Manaus, Acredite; eu sonhava tal criança, nem via a hora passar. Meio
dia Sol a pino, havia pescado apenas alguns peixinhos miúdos, dois tucunarés de
oito e doze quilos, e alguns peixinhos menores, mas o grande peixe sonhado
ainda era só esperança. Passava das quinze horas, estava cansado e sob um calor
abrasador. Havia perdido a esperança, achando que aquele não era meu dia. Aí,
seu Antonio, aconteceu uma coisa estranha, sob um calor intenso eu havia
cochilado e ao despertar estava em minha frente uma mulher que não tenho palavras
para descrever sua inolvidável beleza. Sorrindo, ela tocou em minha cabeça e eu
encantado desci às profundezas do lago visualizando um castelo de cristal, com paredes translúcidas e uma imensa variedades de peixes que eu nunca
pensei existir. Enxerguei e ouvi o cântico encantador das sereias que em forma
de belíssimas mulheres se apresentavam ornadas com as mais belas e ricas joias.
Não sei quanto tempo eu permaneci naquele lugar, mas de repente voltei a minha
canoa que misteriosamente já se encontrava na beira do lago. Era noite. Chorei
de emoção e hoje com saudade relembro aquele momento de puro encanto. Foi esse
o maior acontecido que tive o merecimento de vivenciar em toda a minha vida de
pescador.
Contemplando
o semblante de Palmari, vi seus olhos pejados de lágrimas e senti imensa
sinceridade em seu amoroso coração de pescador de peixe grande, conectado com a
Natureza.
O Peixe Boi passou um sufoco! E exagerou só um pouquinho no tamanho dos peixes (risos).
ResponderExcluirUm pouquinho é pouco ...
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