quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Alegrias

Alegrias
Não há quem não tenha experimentado grandes momentos de alegria em sua vida. Elas acontecem numa frequência constante ao longo da nossa existência, e estão ligadas às nossas emoções e sentimentos, mas não estão conectadas tão somente aos grandes acontecimentos. A alegria de construir uma nave espacial não é maior do que a de pescar um lambari ver nascer um filho ou até mesmo quando somos bem sucedidos em grandes desafios. A alegria vem pela felicidade sendo esta o maior prazer de que somos capazes. Sentir-se plenamente feliz é estar tão livre de sofrimento que não é possível contentar-se com menos. Ela nasce no coração ao sentirmos sua natureza, e surge nos momentos mais simples ou nos mais extraordinários da nossa vida, no que mais nos agrada; O entardecer,  amanhecer, a lua prateando o mar, um passarinho conduzindo nossos sonhos infinitos, o contemplar de um céu ornado de estrelas, a lua prateando as matas, um encantador sorriso de uma criança e tantos outros fenômenos da natureza e momentos que agradam o nosso ser; a alegria de viver, amar, servir, ver alguém feliz, de pensar, sonhar, e tantos outros segredos guardados em lugares recônditos da nossa memória. Na maioria das vezes acordamos com lembranças que nos trazem generosas alegrias, pelos mistérios da vida que procuramos desvendar quando sonhamos.
O silêncio da aurora anunciou
Um doce amanhecer de alegria
Acordei lembrando sonhos coloridos
Recordações de um tempo que ficou

No universo das minhas lembranças
A manhã sorria tal um lírio a vicejar
Com o pensamento sonhando sonhos
Vi cenários de encantamento e ternura
Enchendo o espaço de brilho e magia
Contemplei uma flor perfumando o carinho
Num pomar entre rosas, flores e princesas
 Das alegrias perfeitas no jardim do amanhecer
Num clarão de  felicidade acordei  sorrindo de alegria
Quando libertados do corpo adormecido, viajamos por confins, buscando atributos espirituais que em vigília desconhecemos, e quando ao corpo retornamos, sentimos a alegria e a felicidade que encontramos em nossos sonhos. Por esta razão, muitas vezes acordamos trazendo uma impressão indizível de felicidade e alegria, vendo as manhãs sorrindo, o pensamento sonhando cenários encantadores, lembranças de lugares,  pessoas e flores e, nos alegrando vemos suas formas e sentimos seus perfumes. São as alegrias perfeitas que encontramos na busca da felicidade para amainar os sofrimentos que por ventura estejamos sujeitos a encontrar nessa efêmera passagem pela Terra.
 
 


quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Maité

Antonio Albuquerque
Dezembro de 2015
Maité
            Passava das quatro horas da manhã, ainda escuro, eu caminhava protegido pelas marquises dos velhos casarões da cidade histórica da velha Manaus. Cidade marcada pelos prédios antigos do século 19, tempo áureo da borracha. Mesmo sob as marquises minha roupa encharcava pela torrencial chuva. Tinha pressa, queria chegar ao Mercado Adolpho Lisboa. Na escadaria que dá acesso ao porto ouvia a voz forte dos barqueiros oferecendo bilhetes de viagem para os mais diversos lugares da região. Diante de muita agitação, ainda não sabia para onde viajaria, mas pretendia me afastar do rebuliço da cidade. Há muito eu sentia a necessidade de me isolar por algum tempo num lugar tranquilo onde pudesse pensar distante da cidade. Lia-se numa placa de papelão; barcos para o baixo Amazonas, Solimões, Rio Negro e outros nomes especificando lugares. —  A que horas sai o barco para Barcelos? Perguntei. — Sete horas, respondeu um moço segurando um papel. Seis horas, redes atadas no espaçoso convés da embarcação formava um cenário único dos navegantes da Amazônia. Agasalhei minhas coisas embaixo da rede, escolhendo uma boa posição para apreciar a paisagem às margens do Caudaloso Rio Negro. O barco navegava e a brisa fresca da manhã acarinhava meu rosto assustado pela aventura ora iniciada. Deitado na rede admirava a margem do rio e o distanciamento da cidade, sentindo incontida saudade. Creio ser esse o sentimento de todos que deixam a cidade e são acolhidas pelas águas, florestas e a linguagem cabocla que nos aproxima da natureza nos tornando simples e solidários. Passava pela minha cabeça um turbilhão de pensamentos, no entanto o mais importante era a viagem que me trazia um sentimento prazeroso de liberdade. Queria observar a paisagem da floresta, o movimento das águas, a revoada dos passarinhos, macacos e as milenares tradições ribeirinhas. Distante da cidade penetrei na magia encantadora da floresta. Ao meu lado viajava uma bela jovem índia que chamou minha atenção, ela me olhou com um sorriso encantador, seus olhos tinham o brilho de uma esmeralda, revelando um ser diferente que me fez mergulhar em seus encantos, e sua meiguice desnudou seu interior.
             Bom dia, disse a moça. Bom dia, faremos uma boa viagem à Barcelos, respondi. —  Certamente, mas desembarcarei antes de chegar à cidade para participar de uma celebração. Se quiser me acompanhar podemos ir juntos. Ao regressarmos, embarcaremos nesse mesmo barco de volta à Manaus, concluiu. Pensarei, acho a ideia interessante, mas nem sei o seu nome?
            — Meu nome é Maité. Meus ancestrais pertenciam a uma nação que existiu nessa região e que falavam Nheengatu, donde se originou meu nome, conservado por milhares de anos, concluiu.  A floresta é um mundo muito diferente do que conhecemos, e eu quando nela penetro examino miudamente tudo ao redor, observando os mistérios, pelo menos os que eu conheço, pois dentro dela sempre sou um estreante, mas aceitei o convite de Maité. Sim, irei com você, e juntos participaremos da celebração. — Será uma honra, respondeu a bela jovem.
             Desembarcamos e no beiradão permanecemos observando o barco se afastar até desaparecer numa curva do caudaloso rio. Tão curta a viagem e eu já sentia saudade do aconchego no convés da embarcação.  — Prepare-se para uma surpresa, sorrindo disse Maité. Que surpresa? Perguntei. ─ Boa. Se revelasse não seria surpresa, sorrindo respondeu. Seguimos a trilha caminhando em fila indiana, conversando sobre coisas da floresta, o que muito me agradava. Após uma hora de caminhada senti cansaço, e ela sem olhar para trás perguntou: — Quer que eu lhe conduza nos braços? Você não tem resistência, não é um caboclo! Não precisa, vou me recompor, respondi. Ela sorriu sem olhar para trás. Maité sempre caminhando à frente com passos leves tal   o pouso duma garça, e com naturalidade mostrava graça e sensualidade, o movimento sensual dos seus quadris lembrava o bambolear do voo dum gavião.  Ela conhecia a floresta e caminhava com estrema leveza, parecendo não tocar nas folhas espalhadas pela terra molhada. Paramos um instante e ela chamou minha atenção para pássaros pousados no alto das árvores. Eram belíssimos e não se afastaram com a nossa intrusa presença. A caminhada continuou floresta adentro e já me sentia leve tal a brisa da manhã, certamente refeito pelo ar puro da floresta, nenhum pensamento me conduzia à efervescente cidade. Fazíamos rápidas paradas comentando coisas da natureza e Maité sempre tinha algo surpreendente a me revelar. Sentamos-nos a beira de um igapó entre sororocas e palmeiras ouvindo o rumorejar da água mimando os peixinhos coloridos num encantamento que só a floresta nos revela. No alto de uma samaúma um bem-te-vi cantando anunciava nossa presença, à tarde chegou mansa e calma, e por um longo tempo permanecemos em silêncio ou falando baixinho para não romper o sossego da silenciosa mata. O entardecer e a brisa suave da noite acalentou meu ser conduzindo meus pensamentos a um mundo encantado, num clarão eterno de luz fecunda da lua movedora, vendo o céu atapetado de astros e estrelas. A voz de Maité parecia ecoar no universo quando me pediu para fechar os olhos e enxergar com a mente. Uma radiante manhã surgiu num sorriso de alegria, e num ritual de cânticos de prazer, milhares de pessoas reverenciavam sua rainha. No centro formou-se um belo arco-íris, e entre suas cores enxerguei uma mulher. Nem vi o tempo passar. A mulher era Maité, no entanto ao meu lado com imensa alegria sorria. Feliz, sentindo um clarão dentro da alma, com Maité caminhei na direção do indômito Rio de águas negras convicto da existência dos grandes mistérios da natureza. Com os olhos pejados de lágrimas e o coração banhado de luz e sonhos, tive a certeza que nem tudo é matéria densa como imaginamos. Maité é originária de uma antiquíssima civilização que ali existiu a mais de seis mil anos. Sei que entre a terra e o céu existem infinitos mistérios e moradas do Grande Arquiteto do Universo.

sábado, 26 de dezembro de 2015

NATAL

 
Nos festejos de Natal e ano novo algumas pessoas inocentemente festejam esse período com festas cujo intuito é mostrar com orgulho que estão bem e podem exibir sua boa condição social e financeira na família e no mundo social em que vivem. Entretanto, melhor fariam se procurassem avaliar a importância do dia em que Jesus se materializou entre nós, e se fazendo homem mostrou sua infinita grandeza, indicando o caminho para nos despojar das impurezas na busca da salvação.  A maioria festeja esse sublime momento com uma aparente fartura que tem como testemunho; a ostentação, estroina alimentação, luxuosas roupas, viagens, exibição aparatosa e discursos de grandeza. Uma contradição da simplicidade de quando nasceu Jesus, a Luz que trouxe ao mundo um exemplo de amor, perdão e justiça. Nascendo num lugar de extrema simplicidade, mostrou a humildade, revelando tudo que o bem pode proporcionar a humanidade, que vive em busca da felicidade, distante para muitos e tão pertinho de cada um, precisando apenas encontrá-la. Sim, a felicidade existe e podemos encontrá-la, pois se ela não existisse não a buscaríamos com intensidade, e se a procuramos com energia é porque com ela já tivemos alegres experiências noutros momentos.
Precisamos observar o maior ensinamento que Jesus trouxe para o Cristianismo “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. E, assim, amando a Deus e ao próximo podemos nos lançar à busca da felicidade que mora num castelo de amor. Ao sabermos que ela mora num castelo, é meio caminho percorrido. E tendo a certeza de que com a prática da virtude podemos encontrá-la, certamente a encontraremos e ela nos conduzirá à bem-aventurança. Para tanto precisamos nos despojar dos sentimentos negativos de orgulho, vaidade, inveja, ingratidão e, com sinceridade nos aproximarmos do outro,  irmão, também filho de Jesus. Sem, contudo, censurar quem inocentemente se distanciou da realidade, usando, de Deus, a palavra para confundir os menos esclarecidos. Fazendo usos doutrinários em busca de benefícios próprios, sem perceber que nunca estamos sozinhos, existindo sempre alguém, abaixo e acima de nós, observando os nossos atos, sejam eles ruins ou bons, em pensamentos ou atos. Lembrando-nos, que somos seres imortais em construção, cuja edificação fazemos com nossa prática, construindo masmorras viciosas ou castelos de sabedoria. Nesse ágape é importante festejar o nascimento de Jesus, sim, mas com simplicidade, amor, reconhecendo quem somos nós, e a quem devemos servir nessa efêmera passagem pela Terra. Sendo que nesse contexto o passo maior é o olhar para quem mais necessita de amor, sendo esse o alimento espiritual. Sem esquecer o alimento material, que é o pão de cada dia, como sabiamente fala o homem simples, o trabalhador, também filho de Jesus.
 


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Peixe Grande

 
Peixe Grande
Aproveitei o frescor da manhã chuvosa, coloquei meu novo chapéu que ganhei vindo do Panamá, convidei meu pensamento e fomos rever o centro de Manaus. A cidade está quase deserta, um convite a caminhar. Aqui no mercado Adolpho Lisboa os permissionários conversam entre si, por falta de clientes, dando-me oportunidade de puxar conversa, especialmente com os mais antigos. Hoje a conversa sobre Manaus escasseou, e logo comecei a ouvir histórias de grandes pescarias num passado em que os peixes boiavam nas escadarias dos remédios e vez por outra surgia um afoito tubarão que havia subido o Rio Amazonas vindo lá das bandas do Pará. ─ Ora, um tubarão que viaja da foz do Amazonas até aqui não merece ser pescado, precisa ser preservado pela sua coragem, dizia Palmari. Palmari é um homem conhecido entre pescadores por Carapura o quer dizer pescador de peixe grande, mas as más línguas dizem que o seu maior peixe pescado foi um lambari, entretanto eu acredito nele e em suas histórias, afinal de contas ele é meu amigo. Palmari aproveitou para contar que antigamente só pescava peixes nobres que não pesassem menos de dez quilos, inclusive o Jaraqui e o Cará. Para maior encanto, contou suas aventuras de fartas pescarias quando em Janauacá fisgou um Pirarucu de oitocentos quilos dando muito trabalho para colocá-lo na canoa, e ao chegar próximo à praia uma cobra grande engoliu o peixinho pensando ser uma sardinha. Palmari ainda hoje é grato a Deus por não ter sido engolido pelo monstruoso reptil. Também contou um fato interessante de numa pescaria num grande lago em Tefé. ─ Contarei esse caso porque sei que você sendo também um pescador acreditará em mim e sabe que existem muitos fenômenos  estranhas em águas que muitos desconhecem. Emocionado, disse Palmari. Acredito em suas histórias, sei que você é um grande pescador, respondi
Creia seu Antonio: Estava à beira do lago, era manhã, ainda, nem via os raios do Sol, caia um sereno suave de manhã sorridente. Arrumei a canoa e me lancei ao lago. O sereno serenou, o Sol nasceu com raios dourados e animadores e eu joguei o anzol pensando comigo mesmo: ─ hoje será um grande dia, só eu, o lago e a canoa. Pescarei um grande peixe e vou contar pra o todo mundo até que a notícia chegue a Manaus, Acredite; eu sonhava tal criança, nem via a hora passar. Meio dia Sol a pino, havia pescado apenas alguns peixinhos miúdos, dois tucunarés de oito e doze quilos, e alguns peixinhos menores, mas o grande peixe sonhado ainda era só esperança. Passava das quinze horas, estava cansado e sob um calor abrasador. Havia perdido a esperança, achando que aquele não era meu dia. Aí, seu Antonio, aconteceu uma coisa estranha, sob um calor intenso eu havia cochilado e ao despertar estava em minha frente uma mulher que não tenho palavras para descrever sua inolvidável beleza. Sorrindo, ela tocou em minha cabeça e eu encantado desci às profundezas do lago visualizando um castelo de cristal, com paredes translúcidas e uma imensa variedades de peixes que eu nunca pensei existir. Enxerguei e ouvi o cântico encantador das sereias que em forma de belíssimas mulheres se apresentavam ornadas com as mais belas e ricas joias. Não sei quanto tempo eu permaneci naquele lugar, mas de repente voltei a minha canoa que misteriosamente já se encontrava na beira do lago. Era noite. Chorei de emoção e hoje com saudade relembro aquele momento de puro encanto. Foi esse o maior acontecido que tive o merecimento de vivenciar em toda a minha vida de pescador.
Contemplando o semblante de Palmari, vi seus olhos pejados de lágrimas e senti imensa sinceridade em seu amoroso coração de pescador de peixe grande, conectado com a Natureza.
 
 


domingo, 20 de dezembro de 2015

Riqueza Amazônica


                                                                                       
 
Riqueza Amazônica (1)                                                       
                    
Quando a ciência brasileira descobrir que com apenas 10% das plantas medicinais existentes na Amazônia poderá extinguir boa parte das doenças que afetam a humanidade, o país caminhará para um grande surto de progresso na Indústria Farmacêutica. Certamente essas plantas medicinais substituirão medicamentos sintéticos que causam irreparáveis sequelas após seu uso. Quando transformada a floresta amazônica num laboratório de pesquisa, trará imensuráveis benefícios a humanidade que obterá novos medicamentos acessíveis aos países menos desenvolvidos que vivem na dependência da indústria farmacêutica internacional, ávida de lucros exorbitantes. A pesquisa de medicamentos originários da flora amazônica colocará o Brasil na vanguarda entre países desenvolvidos nesse setor. Em termos financeiros trará incalculável riqueza para o Brasil produzindo mais divisas que a exploração de petróleo em águas profundas, tão propalado pelo governo.
A formação da Amazônia teve inicio numa época muito parecida com a atual, quando a Terra era assiduamente visitada por habitantes de outros lugares do Universo. Chegavam à busca de água, plantas e minérios preciosos. Em seus lugares de origem haviam consumido tudo que existia de recursos naturais, inclusive minérios preciosos aqui existentes. Não tiveram o devido cuidado de preservação e entraram em crise por falta desses bens naturais. Eles possuíam tudo que a ciência e a tecnologia daquela época dispunham, mas lhes faltava água, vegetais e minerais. Eles chegavam a Terra em espaçonaves que ao regressarem conduziam em seus bojos milhares de toneladas de nióbio e outros minérios extraídos da Amazônia e de outros lugares da Terra.
Uma só espaçonave transportava até um milhão de toneladas de carga e mil passageiros. Essas astronaves utilizavam energia solar. O uso dessa energia permitia viajarem sem  reabastecimento a muitos lugares na órbita do Sol, a uma velocidade incrível. Subiam verticalmente e em segundos não mais eram vistas. Para construir tais espaçonaves seus ocupantes dependiam de minérios da Amazônia e de outras partes da Terra. Em abundância esse material, especialmente o nióbio, ainda hoje existente em território brasileiro próximo a fronteira com a Venezuela, Colômbia e Peru. Trata-se, portanto, de uma riqueza imensurável. O ministério da defesa do Brasil sabe onde encontrá-lo, não sendo segredo, nem mesmo para os aventureiros internacionais que bisbilhotam o planeta inteiro em busca de poder e riquezas sem limite.
Concluímos que algumas nações desenvolvidas precisam desses mesmos minerais, e dão como certo que o caminho para obtê-lo é a ocupação da Amazônia, e para  tanto desenvolvem um projeto silencioso, mas não secreto. Enquanto isso, algumas nações subtraem do território brasileiro o que podem para suprir as suas necessidades, sem a anuência da sociedade brasileira. Está sujeito à corrupção haver estendido seus tentáculos a essa parte do Brasil desconhecido por muitos. Então, será oportuno se estender à Amazônia uma operação aos moldes da Lava Jato, aí sim, muita água rolará por mananciais incalculáveis de água, talvez seja a outra ponta do iceberg que não puderam puxar. Qual a razão de não combatermos efetivamente o desmatamento da Amazônia?Isso é defesa nacional. Por que não declaramos guerra ao desmatamento com o uso das Forças Armadas? Damos ao mundo, um atestado de incompetência com relação à administração da Amazônia. Será que não somos capazes, ou existem interesses que desconhecemos? Pense!A verdade é que precisamos deixar de ser o continente verde do futuro e olhar o ribeirinho com coragem e responsabilidade para não chorarmos no futuro.
 As autoridades do sistema de defesa da Amazônia preparam-se para uma longa resistência, no sentido de impedir ou resistir a uma invasão por estranhos. Para alguns especialistas em estratégia de defesa, o Brasil secretamente está em guerra  preparando sua defesa cibernética. Embora carente em alguns aspectos, tem como defender-se com tecnologia, determinação e patriotismo de alguns nobres brasileiros. Creio ser esse um assunto a ser debatido; nas escolas, Universidades, Sindicatos, Congresso Nacional, Quartéis, entre outros. A nação precisa conhecer a ameaça territorial e as suas riquezas naturais. Fosse essa questão na America do Norte e toda a sociedade estaria mobilizada em defesa dos interesses do patriótico povo do Tio Sam.
Contaram-me que existe um silencioso projeto de potências estrangeiras para transformar as tribos indígenas brasileiras em nações indígenas, principalmente as que estão localizadas na fronteira com a Venezuela e Colômbia. Seria mera coincidência, estarem elas localizadas na área onde existem grandes minas de nióbio? Se num momento essa tribo anunciar que deseja se transformar numa nação independente, qual será a atitude do Brasil? Negará ou dividirá seu território com essas nações entregando uma incalculável riqueza a potências estrangeiras que fatalmente farão pressão para haver uma intervenção da ONU? E no caso de intervenção, qual seria o país a mandar seu exército em nome da ONU garantir o sonho indígena? Você poderá tirar suas próprias conclusões. Confio plenamente nas Forças Armadas brasileiras como instituição séria, mas quando vejo políticos duvidosos em sua cúpula, me dá ânsia de vomito e não posso calar. 
Será que as autoridades conhecem as pretensões desses aventureiros? Ou será segredo de Estado? Por que não há um amplo debate em torno desse assunto? Por que alguns militares do Estado Maior das Forças Armadas falam abertamente sobre a vulnerabilidade da Amazônia e, nenhum político levanta sua voz, sendo seu dever como representante do povo? Cadê o amor à pátria? Será que vamos deixar para as crianças de hoje, a incumbência de resolverem à bala, essa vergonha nacional? O que realmente temos amplo conhecimento é que muitos jovens índios têm frequentado universidades estrangeiros, e depois voltam a suas tribos de origem, na maioria das vezes trazendo na bagagem uma ONG, e com objetivos nebulosos, sentem-se senhores de uma nova nação a serviço de desconhecidos para as autoridades brasileiras. A verdade é que cada vez mais precisamos amar o Brasil e defender nossos interesses como fazem as nações mais desenvolvidas do mundo. O povo necessita ser instruído com relação a seus deveres e direitos vivendo uma plena Democracia, mas com responsabilidade.
 


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Manda

 
Antonio de Albuquerque
Manda
─ Moço, se  afaste da janela, quer receber uma bala na cabeça?Nem sei o que você faz aqui!\Esse é um lugar de malucos, hoje já vi morrer muitos inocentes, não quero que você seja mais um. Só soube desse tiroteio quando já  havia entrado, respondi. Olhando pela  fresta da janela via as balas ricochetear no meu jipe, estacionado na porta da Farmácia. Era uma cidadezinha de uma só rua, onde eu tinha dois clientes, os quais em uma  hora eu os visitaria. Depois seguiria pela estrada até chegar à outra cidade a cem quilômetros. Esse era meu plano de viagem se não tivesse acontecido um imprevisto. Porém, ainda não sabia a razão de tanto tiro. Ouvia o tiro, a bala passar, as pessoas caindo e eu pensando que seria o próximo, nem de rezar me lembrava. Falava com as pessoas envolvidas no tiroteio, mas não me davam atenção, envolvidos no embate. De repente segurei um homem ferido que rastejava próximo a mim, e gritando perguntei o que havia? Ele pareceu despertar ao me olhar, e me reconhecendo disse: ─ Como você entrou nessa briga? Por acaso, respondi. Mas eu quero saber a razão da briga. ─ O Tadeu engravidou minha filha, Manda, e não quer casar, razão dessa guerra.  Permita que eu proponha uma trégua. O comerciante hesitou, mas finalmente disse: ─ Tente, mas vá com cuidado, não morra numa luta que não é sua. Não vou tentar, vou conseguir acabar com essas mortes.
Estava embaixo de algumas sacas de babaçu e levantei-me devagarzinho, coloquei um lenço branco na ponta duma barra de sabão e levantei o braço, o que foi suficiente para uma bala atravessar o sabão. Recuei. Meu corpo tremia sentindo muito medo, mesmo assim, gritei: Hei! Aqui é o caixeiro- viajante, nós precisamos conversar, eu tenho uma proposta. Do outro lado da rua alguém falou: ─ Essa briga não é sua, não queremos lhe atingir. Mas o que tem a dizer? Se o Tadeu casar com a Manda estará tudo resolvido?  ─ Sim, é isso que nós queremos, falou o homem do outro lado da Rua. Então suspendam o fogo, disse eu. Não se ouviu nem mais um tiro, pareceu que estavam ansiosos para por fim a luta. Os mortos e feridos foram recolhidos, restando muita dor e sofrimento. No entanto a guerra não terminaria se não houvesse casamento. Face ao tiroteio, o padre havia se ausentado da cidade, o Juiz de Paz estava na Capital, e às pessoas envolvidas no conflito não poderiam celebrar o casamento. Lembraram-se, então, do caixeiro-viajante. Sim, eu não poderia recusar, até porque não tinha nenhum plano dois e aceitei. Aconteceu que Manda entrou em trabalho de parto, e novamente o caixeiro-viajante foi solicitado a levar Manda a uma parteira distante da cidade, também sem alternativa, aceitei. Na estrada arenosa dirigia o jipe acima da velocidade ideal. No alto o Sol brilhava tal uma manopla de fogo, a cigarra cantava anunciando mais calor naquele inesquecível dia. Manda ao meu lado se contorcia de dor, no banco de traz viajava dois capangas como garantia que eu levaria e traria de volta a moça.
 ─ A bolsa rompeu, disse Manda. Parei o jipe à sombra de um babaçu. Sem pensar, um sujeito mal-encarado disse: ─ Faça o parto. Eu respondi: Não sei fazer. ─ Faça assim mesmo, se não fizer eu varo sua cabeça com uma bala. Virei o corpo dando-lhe uma pernada no escutador de baião, quando senti um cano frio de uma arma na minha cabeça, e olhando para o outro capanga, disse: Vou ver o que faço. Assim é melhor, disse o sujeito.
 
Afastei os homens, coloquei manda numa posição confortável, lembrei-me de alguns ensinos que uma mulher havia me transmitido, rezei o pai nosso e fiz o parto. De volta à cidade, com Manda e o menino ao lado, ele chorando, os capangas no banco de traz conversando, e um dizia: Antes que ele saia da cidade eu devolvo a pernada que ele me deu... No dia seguinte, na cidade reinava a paz e harmonia. Houve casamento, batizado, muita festa e eu batizei um menino, dando-lhe o nome Antonio. Nunca mais voltei lá, mas espero que ele esteja com saúde e que haja mais paz em sua cidade.

 

 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Buscando a Luz (1)


 

Antonio de Albuquerque

1984

Buscando a Luz (1)

Caminhava por fétidas galerias num ambiente estreito, tortuoso e escuro. A visão era ruim e não sabia onde pisava, tendo a sensação que cairia num despenhadeiro. Sem ventilação sentia dificuldade para respirar e tinha pensamentos vagos e abstratos. Não me lembrava da minha origem nem destino, sem noção de tempo, poderia estar ali há um dia ou a uma eternidade. A solidão e o pavor me acompanhavam. Sem entender, estava perdido num abismo sem perspectiva de encontrar a saída. Não lembrava ser uma pessoa e estava oculto numa completa escuridão física e mental, e não me situava no espaço e tempo. Sem lembrança do passado, não entendia o presente ou futuro. Mergulhado no esquecimento tinha apenas uma vaga lembrança da realidade. Muito tempo depois, no alto enxerguei uma luz clareando o espaço infinito, embora entre mim e essa luz houvesse imensa distância, me senti confortado enxergando além da nebulosa escuridão. Com o passar do tempo visualizei o céu atapetado de astros e estrelas, e observando esse santuário pude ver uma luz maior no alto. Para mim era apenas uma luz, por não lembrar seu nome, mas me agradou e fiquei espiando seu movimento. Depois me lembrei de que a luz vista era o Sol. Creio que em mim surgiu à lembrança naquele instante, visto que sua ausência me atormentava. Com o Sol nasceu o dia e a claridade, e não mais senti medo das trevas. Foi esta a primeira manhã que eu vi nascer, alegre e risonha, com intensa luminosidade. Na claridade do dia descobri a vegetação, que sobre ela a luz do Sol se espargia dourando suas folhas. Caminhando pelo lugar,  senti nos pés a areia macia, e na margem a relva cobrindo à terra molhada. A diversidade das plantas me alegrava  e tudo em volta me encantava, estava aprendendo a amar a natureza rica e bela. Aos poucos descobri a razão da minha existência, tal qual, a Luz, a água e a vegetação. Suavemente o vento tocava meu rosto, e mesmo sem conhecer sua origem  me contentava,  mas indagava para mim mesmo: Quem eu sou? De onde eu vim e para onde vou? E que lugar seria aquele? Dessa forma senti a necessidade de pensar e racionalizar, sendo esse um atributo que me aflorava na memória.

O Sol declinava deitando sua luz dourada no ocidente, outro fenômeno que eu desconhecia. Assistia pela primeira vez o por do Sol, e o surgimento da noite. Num breve momento enxerguei a formosa Lua, e seus movimentos. Agora podia contemplar as belezas da natureza; o céu, os astros, o Sol, e a Lua dominando a Terra e prateando o mar, a água correndo nos regatos e os animais passeando nos prados, nos campos, e nas lindas e risonhas manhãs. Havia encontrado a felicidade que seu esplendor, a alegria me ofertara. Mas precisava conhecer o arquiteto que havia construído essa Divina obra universal. Numa alegre manhã com o Sol dourando o amanhecer acordei ouvindo o trilar dos passarinhos, o sussurro da água rolando no ribeiro e árvores enfeitadas de flores e frutos formando um indelével santuário. Olhando para o alto vi o Sol nascer pela segunda vez. Permaneci nesse lugar por um longo tempo procurando entender a natureza, percebendo os sentidos, e as formas, construindo um profundo sentimento de amor pela fauna e a flora. Passeava pelas florestas, pelas águas, santuários e por distantes lugares, mas ainda havia uma questão que não entendia; a razão da minha existência. Resolvi então, empreender uma longa viagem. Após uma extensa caminhada por mares, rios, florestas  montanhas, e diferentes lugares, vendo diversas vezes o amanhecer e o entardecer, havia encontrado um lugar diferente de todos que havia conhecido. Um espaço que me fez parar e refletir sobre o pouco que recordara das minhas passagens pela Terra; minha origem, meu destino. A razão de estar naquele ambiente aflorou minha memória. Nesse lugar encontrei uma casa, hesitei ao aproximar-me, mas depois de algum tempo cheguei bem perto e ouvi um agradável som musical que me trouxe um turbilhão de pensamentos, lembranças e recordações de lugares,  pessoas, línguas, ciências e também de ilusões, entre rosas e espinhos. A ciência me conduziu à realidade, mas quanto às ilusões, suas lembranças e práticas me fizeram sofrer, afinal eu estava na Terra. Lembrando-me do passado, entendi o presente, marcado por sofrimentos, mas também por grandes venturas. Aproximei-me da casa, ela era azul, com janelas amarelas e cortinas brancas e verdes de renda que o brando vento esvoaçava pelo ar. Ali encontrei pessoas felizes, e ao entrar sorrindo carinhosamente  me abraçaram. Um homem me recebeu dizendo que eles me esperavam há  muito tempo, e que havia chegado o momento de sermos felizes. Eu lembrei-me que já os conhecia e chorei de contentamento.

Num ágape constante permaneci na casa por dias, convivendo com as pessoas que me receberam e aguardando  um grande acontecimento que guardavam como surpresa para mim. Certo dia, todos se apressaram para chegar à janela, queriam de perto ver o Homem que passava. Eu também apressurei-me para ver seu sublime rosto. Os homens caminhavam em fila indiana, um deles avançava à frente e os outros o seguiam. O Homem que vinha à frente tinha uma beleza inarrável, e seu semblante transmitia paz e harmonia. Vestia túnica branca, nos pés usava sandálias, e no coração trazia o amor e o  perdão. Com um só olhar Seu, senti toda a felicidade e alegria que eu merecia. Esse Homem é Jesus.

 

domingo, 6 de dezembro de 2015

Esther


Antonio de Albuquerque
Belém - 1967
 
Esther
Em pleno mês de janeiro, estação chuvosa na Amazônia. Na década de 60 ainda não existia uma boa  segurança nos voos na região. Os pilotos precisavam possuir experiência e habilidade para voar com  precários instrumentos de voo disponibilizados, só sendo permitido voar em algumas rotas das seis às dezoito horas, e poucas  companhias aéreas operavam na Amazônia.
Decolamos da cidade de Marabá voando em baixa altitude, o comandante Roland se orientava pelo leito dos rios e eu enxergava a copa das árvores a pouca distância da asa da aeronave, mas esse perigo pouco importava e eu me deliciava com a belíssima paisagem amazônica. Creio ter sido esta visão de floresta e rios que contribuiu para eu permanecer nesse imenso continente atapetado de florestas e água. Voávamos há cinquenta minutos e não havíamos visualizado a cidade onde deveríamos pousar numa escala antes de chegar ao destino final da viagem que seria a cidade de Belém. Voamos mais trinta minutos e percebi a ansiedade entre os passageiros. Dirigi-me ao comandante pedindo explicação, e ele me informou que em decorrência da precária visibilidade havia mudado o curso e estávamos indo para um pouso numa fazenda a beira de um rio. Em seguida, dirigindo-se aos passageiros adiantou que com segurança faria uma aterrissagem de emergência numa fazenda. Por alguns minutos voamos em círculos numa preparação para o pouso. Eu conhecia a aeronave; um DC3, avião de transporte de tropas na segunda guerra e seu comandante que havia tripulado aquele equipamento durante a guerra e também acreditei que tudo daria certo. Finalmente quando o sol dourando no horizonte se escondia, estávamos em terra, ouvindo as explicações da tripulação e felizes por estarmos a salvo.
Leôncio, o proprietário da fazendo nos informou que havia acomodações para todos; os homens ficariam num amplo galpão aberto e as mulheres, crianças e idosos seriam hospedados na casa grande. Às vinte horas seria servido um jantar para todos e às sete da manhã o café matinal. Serviram um farto jantar e nada faltou. No Pará é assim, os moradores são bons anfitriões e amigos. Após o jantar deitei-me numa rede sob o galpão, quando surgiu uma forte chuva com relâmpagos e trovões, fenômeno natural na Amazônia. O vento trouxe a chuva para dentro da minha rede e em poucos minutos minha roupa encharcou. Uma pessoa da fazenda me instalou num confortável quarto dentro da casa, com duas camas e banheiro, e sozinho deitei-me. Era meia noite quando acordei ouvindo leves batidas na porta. Levantei-me e, ao abrir inesperadamente deparei-me com uma formosa jovem que se apresentou dizendo chamar-se Esther, justificando que havia chegado tarde, e não querendo incomodar outras pessoas pedia para dormir no meu quarto, sabendo da existência das duas camas. Acolhi a moça, que agradeceu e naturalmente tomou posse da outra cama junto à minha.
 Deitado, observava seus graciosos movimentos, quando com naturalidade ela se despiu; seu corpo tinha a perfeição que os escultores sonham um dia criar e exalava um perfume que somente a natureza concebe, seus olhos pareciam puras esmeraldas. Com um sorriso de criança olhou para mim e dormiu. Achei tudo estranho e extasiado mergulhei em seus encantos, parecendo um sonho dourado numa noite risonha. Esther dormia com um semblante calmo e sereno. Horas depois adormeci. Com o trinar dos passarinhos bruscamente acordei e a cama de Esther estava vazia, chamei-a e sem resposta saí a procura-la, em vão. Lembrei-me do café matinal e também lá não a encontrei. Corri em volta da fazendo na esperança de vê-la, mas só encontrei Leôncio que logo abriu um largo sorriso dizendo: ─ O que deseja meu caro jovem? – Preciso falar com uma moça de nome Esther. Pensativo ele me respondeu:  ─ eu tinha uma filha com esse nome, que faleceu em Salvador, lugar onde morava e estudava medicina. O quarto onde você dormiu era de Esther que ocupava quando aqui vinha de férias. Eu a amava muito, mas hoje é só saudade que me dá força para viver e sonhar. Creio que a minha saudade para aqui transporta sua imagem indelével, ─ Completou Leôncio. Quando me dirigi para o embarque à maioria dos passageiros já estava a bordo. Com os olhos pejados de lagrimas olhei pela janelinha do avião e enxerguei Esther acenando e sorrindo com ternura, no semblante guardava o sulco fundamental da doçura. Com o coração mergulhado na tristeza, chorei de saudade e na lembrança guardei para sempre sua luminosa imagem.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Santuário


FRAGMENTOS DO LIVRO, CAURÉ.

Antonio  de  Albuquerque

2007
Santuário

No alto o sol brilhava espargindo raios dourados tal uma manopla de fogo. Em seus ouvidos o doce rumor da água batendo nas pedras de uma cachoeira e o chiar de espumas crepitantes soltas no espaço formando um arco-íris de radiante boniteza. Pássaros coloridos voando tangidos pelo suave vento, e fervilhantes folhas e flores atapetando a terra vermelha enfeitada por cristais translúcidos. Caure se deparou com um rico santuário numa extensa planície formada por milhares de espécies de plantas medicinais e diversos animais que formavam a fauna e a flora desse lugar paradisíaco. Com plantas,  água, animais e insetos Caure falava e ouvia suas histórias. Ao contemplá-las ele sentiu uma imensa alegria e, não se contendo com tanta beleza exclamou:
Floresta, sublime inspiração,
Da natureza esplendorosa criação
Arco-íris, seiva das belezas da vida
Fonte de brilho, encanto e pureza.
Favorece o equilíbrio das matas
Guarnecendo as lindas cascatas
Floresta, firme cores da natureza.
Branca pureza imaculada
Azul cor do infinito
Verdes árvores de tuas matas
Amarelo das rosas e flores
Tela da natureza infinita grandeza
Símbolo de resistência e magia
Esperança real deste céu
Deste rio-mar
Desta terra retumbante
Depósito energético que a natureza encerra
Nas folhas, flores, caules, verticilos.
A brisa que sopra na folhagem
Conta mil segredos para a flor!
A natureza que acolhe e encanta
Diz serem tais, cantos de amor!
Tuas matas a natureza sente
Vibra, embeleza e emana chama ardente.
De singeleza, plasma eterno fulgor.
No trunfo imortal do soberano amor!
Floresta do rei Sol és filha
Luz pura e sublime formosíssimo puro amor
Transportando raios coloridos em águas cristalinas
A esperá-los nos rio igapós, igarapés.
Nas relvas das várzeas, coloridas.
Floresta do Sol recebe luz e calor
Pujante beleza, emoldurado vigor.
Da lua, acalma o sereno em forma de luz.
Alentando tuas plantas, da natureza.
A sublime vida eterna existência, a água!
Bendito o verde coruscante
Consagrada seja floresta guardiã do solo amado
Abafa o grito de dor da madeira ferida
Que a natureza te perpetue salutar!
Devolva-te todo o porte e a eterna magia
Recupere a árvore extraída...
O animal caído na mão do predador
Continue oxigenando a vida
Nossa abençoada remição.
 
Diante desse cenário, Caure iniciou um sábio diálogo com as plantas medicinais:
─ Olá, quem é você?
─ Meu nome é Urucum, combato o colesterol ruim e a gordura no sangue, minha semente quando transformada em corante adquire propriedade repelente afastando alguns insetos indesejáveis. Nasci na Amazônia, mas posso viver em outros lugares para onde a natureza determinar.
 Dessa forma, outras plantas foram se apresentando. Trovão preguiçosamente dormia à sombra de uma samaúma enquanto seu dono arduamente trabalhava para conhecer a serventia de plantas medicinais que ainda não conhecia.
Com  semblante de cansaço e preguiça por nada fazer, Trovão se aproximou dizendo...

sábado, 14 de novembro de 2015

Sonho de Menino

Novembro 2009
Antonio de Albuquerque
“Fragmentos do livro Caminho de Naidon”
Para Laura e Guilherme
Sonho de Menino
O menino sonhou falar com uma flor que morava no alto da serra, lugar misterioso para ele, porque o sol ao se despedir todas às tardes beijava a serra. O dia amanhecia numa canção de alvorada, o menino subia a montanha na esperança de se encontrar com a flor que havia visto no sonho. A flor naquela região era raríssima e só se mostrava na primavera, portanto seria um imensurável privilégio poder falar-lhe, e tinha pressa, sabendo que a flor se mudaria para outro lugar, conforme sua mãe havia lhe ensinado. Caminhava com passos miudinhos de criança, porém rápidos, temendo chegar tarde e a flor já haver se mudado de lugar. Exausto pela subida, resolveu sentar-se à sombra de uma gameleira para melhor observar, quando avistou a flor bem próxima. Foi tomado por uma surpreendente alegria, e dirigindo-se a ela, disse: — Olá, florzinha sonhei com você, por isso vim vê-la.
 — Eu sei! Nós nos encontramos em sonho, eu também quero lhe falar, respondeu a flor, ainda orvalhada pelo sereno do alvorecer.
 — Sim, é verdade, mas o que faz você nesse lugar tão deserto? Existem lugares onde você pode ser vista com mais facilidade e mostrar sua exuberante beleza e felicidade.
— Não estou sozinha, sou um enfeite da natureza, as outras plantas me fazem companhia e estou aqui para tornar esse lugar mais encantador, esta é minha missão. Em meu mundo encantado, sou vista por poucos, e você é um privilegiado por ter o direito de me ouvir. Em breve não mais estarei aqui, mas no curso normal de sua vida, você me verá e falará com outras flores e delas ouvirá bons conselhos. Nem sempre nos verá no formato de flor, por sermos encantadas nos mostramos como convém à natureza. Ao longo de sua existência, procure amar a vida, a liberdade e a natureza e, assim, terá momentos fascinantes em sua longa e brilhante vida.
— Sim, farei isso, mas não vá embora, dê-me a esperança que ficará aqui para falar comigo outras vezes. Eu me sinto tão só! Prometa não ir embora, eu preciso conhecer tantas coisas, você pode me ensinar o que é a vida, a morte, de onde vim, para onde vou. Assegure-me que nunca morrerá, não quero lhe perder.
 — As flores não morrem, a morte não existe, é só uma palavra, uma mudança, uma passagem, não é um final, só existe a vida. As flores são transportadas pela natureza a outros lugares para encantar. Assim como fazem os passarinhos, as borboletas e também, os vaga-lumes enfeitando as noites com pequenas luzes, anunciando um novo dia.
— Você é tão linda, amanhã voltarei a vê-la.
Num gesto de carinho beijou suas pétalas umedecidas pelo orvalho da manhã e prometeu voltar no dia seguinte ao nascer do sol. Com grande alegria, desceu a montanha sob um sol de manhã sorridente. Em sua mente conduzia à flor, imagem do amor florescendo em seu coração. Na manhã seguinte voltaria na esperança de encontrar-se com a bela flor.
 O sol dourava o céu quando o menino corando de alegria subiu a montanha e encontrou no lugar, um lindo pomar com belas flores, árvores floridas e outras carregadas de frutos e, madeiras com imensos favos de mel, mas não vendo a flor, permaneceu em silêncio a pensar: Você é tudo que eu vejo nesse vergel de grande beleza; a natureza, o amor, a grandeza, e é também você, o silêncio, o brado dos que não falam, pois é no silêncio que faço minhas preces, adoro o sol, as estrelas, choro e me alegro. Amo e falo com você, minha adorada flor. Com os olhinhos marejados, mas radiantes de alegria, e o pensamento sonhando, o menino contemplou aquele sublime encantamento, e guardou tudo em segredo por toda a sua infância.
 


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Lembranças de Menino

 
 
 
 
10.11.15.
 
Antonio de Albuquerque
 
 Fragmentos do Livro – Gameleira -
Lembranças de menino  
Dona aqui está à chave do quarto, não mandaram o dinheiro e eu não poderei lhe pagar, porque se eu ficar só aumentará a conta.  ─ E a semana passada quem paga? Vou trabalhar e voltarei para lhe pagar. Dona Inês sabia que não iria receber. Fez um muxoxo dando as costas. Daí para frente o menino moraria na rua. O menino caminhou cinco quilômetros até o centro da cidade, cinco que pareciam cinquenta. Sentia-se fraco, precisava se alimentar coisa que não fazia há dois dias. A esperança era encontrar alguém que lhe oferecesse alimento, pois  sentia vergonha de pedir. Tinha, então, dez anos e havia descoberto que para enganar a fome, o melhor remédio seria não pensar nela. Assim, em duas horas de caminhada chegou à Praça do Ferreira; seu refúgio, onde passava o tempo sem olhar as horas no grande relógio da coluna central da praça para não sentir as horas de fome, por serem muito longas. O menino procurava postar-se de costas para o relógio que certamente, ainda hoje, lá se encontra. Não olhava os ponteiros do grande relógio, mas ouvia suas badaladas que o faziam lembrar-se da necessidade de alimento, amor e carinho. Então bebia água e sonhava com sua família, que por necessidade o abandonara. Sem entender o que o mundo lhe impusera, rezava uma oração, única, que sua amada mãe havia lhe ensinado; Pai nosso que estás nos céus... A tarde se esvaiu no relógio do tempo e a noite mansamente se apresou mostrando no céu as estrelas e o clarão da lua. O menino, ainda, acordado observava as pessoas passarem indiferentes à sua expectativa, mas mantinha a esperança de encontrar-se com a solução para sua vida e apressou-se a pensar, e dormiu.
Duas badaladas. Novamente o relógio acordou o menino. Um homem simples, com semblante calmo, sereno e de fulgurante beleza, estendeu-lhe a mão, na outra conduzia um saco de papel com dois pães lhe ofertando. O menino sentiu o cheiro, parecendo ser um manjar dos deuses e com alegria incontida, sorrindo, aceitou, e em segundos havia comido o delicioso pão. A fome passou! Disse o menino. ─ Quem é você? Perguntou. Sou alguém que também mora na rua. Tranquilize-se, nem todos nascem reis, se todos nascessem reis, quem seriam os súditos?Você, porém, um dia será um sábio homem. E quando realizar seus sonhos lembre-se do que eu lhe falei. Sim meu bom amigo, me lembrarei.  Disse, ainda, o bom homem, quando falo às pessoas elas nem me olham, mas quando me pedem alguma coisa eu as atendo, seja um pão, ou até mesmo um conselho. Agora, olhe o céu, as estrelas, fale com elas, peça alguma coisa, um dia você será uma delas. Sim, falarei; Então, o menino falou; estrela dê ao meu amigo velinho muitos pães para que ele possa distribuir com quem precisa mais do que eu, pois não mais sinto fome. O menino dormiu. O relógio badalou, o menino acordou, sem fome, sem medo, chamou o homem, mas não o encontrando, exclamou, nem sei o seu nome! Mas, o chamarei de estrela.
 
 
 
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