FRAGMENTOS DO LIVRO, CAURÉ.
Antonio de Albuquerque
2007
Santuário
No alto o sol
brilhava espargindo raios dourados tal uma manopla de fogo. Em seus ouvidos o
doce rumor da água batendo nas pedras de uma cachoeira e o chiar de espumas
crepitantes soltas no espaço formando um arco-íris de radiante boniteza.
Pássaros coloridos voando tangidos pelo suave vento, e fervilhantes folhas e
flores atapetando a terra vermelha enfeitada por cristais translúcidos. Caure
se deparou com um rico santuário numa extensa planície formada por milhares de
espécies de plantas medicinais e diversos animais que formavam a fauna e a
flora desse lugar paradisíaco. Com plantas, água, animais e insetos Caure falava e ouvia
suas histórias. Ao contemplá-las ele sentiu uma imensa alegria e, não se
contendo com tanta beleza exclamou:
Floresta, sublime inspiração,
Da natureza esplendorosa criação
Arco-íris, seiva das belezas da
vida
Fonte de brilho, encanto e pureza.
Favorece o equilíbrio das matas
Guarnecendo as lindas cascatas
Floresta, firme cores da natureza.
Branca pureza imaculada
Azul cor do infinito
Verdes árvores de tuas matas
Amarelo das rosas e flores
Tela da natureza infinita grandeza
Símbolo de resistência e magia
Esperança real deste céu
Deste rio-mar
Desta terra retumbante
Depósito energético que a natureza
encerra
Nas folhas, flores, caules,
verticilos.
A brisa que sopra na folhagem
Conta mil segredos para a flor!
A natureza que acolhe e encanta
Diz serem tais, cantos de amor!
Tuas matas a natureza sente
Vibra, embeleza e emana chama
ardente.
De singeleza, plasma eterno fulgor.
No trunfo imortal do soberano amor!
Floresta do rei Sol és filha
Luz pura e sublime formosíssimo puro amor
Transportando raios coloridos em
águas cristalinas
A esperá-los nos rio igapós,
igarapés.
Nas relvas das várzeas, coloridas.
Floresta do Sol recebe luz e calor
Pujante beleza, emoldurado vigor.
Da lua, acalma o sereno em forma de
luz.
Alentando tuas plantas, da natureza.
A sublime vida eterna existência, a água!
Bendito o verde coruscante
Consagrada seja floresta guardiã do
solo amado
Abafa o grito de dor da madeira
ferida
Que a natureza te perpetue salutar!
Devolva-te todo o porte e a eterna
magia
Recupere a árvore extraída...
O animal caído na mão do predador
Continue oxigenando a vida
Nossa abençoada remição.
Diante desse cenário, Caure iniciou
um sábio diálogo com as plantas medicinais:
─ Olá, quem é você?
─ Meu nome é Urucum, combato o
colesterol ruim e a gordura no sangue, minha semente quando transformada em
corante adquire propriedade repelente afastando alguns insetos indesejáveis.
Nasci na Amazônia, mas posso viver em outros lugares para onde a natureza
determinar.
Dessa forma, outras plantas foram se
apresentando. Trovão preguiçosamente dormia à sombra de uma samaúma enquanto
seu dono arduamente trabalhava para conhecer a serventia de plantas medicinais
que ainda não conhecia.
Com
semblante de cansaço e preguiça por nada fazer, Trovão se aproximou
dizendo...