Imprevisto em Cartagena
Era
manhã quando Vitor e seus companheiros passaram pela revista da alfândega e
seguiram para o hotel, antes, porém, foram ao consulado brasileiro e narraram
toda a epopeia às autoridades diplomáticas. Os diplomatas ouviram o relato de
Vitor, nada comentaram sobre o assunto, mas asseguraram que Josefina e o
professor estariam em segurança.
─
Agora estamos sem problemas, vamos conhecer Cartagena, nos divertir, fazer
compras e em quarenta e oito horas
voltaremos a navegar rumo ao Brasil, disse Vitor.
─ A
ideia era brilhante, mas será que tudo aconteceria de acordo com o previsto?
Até ali vinham enfrentando uma viagem repleta de aventuras; ilhas paradisíacas
e encantadas que surgiam do nada. Lutas com quadrilhas internacionais, enfrentamento
e morte de bandidos, e navios piratas de outra dimensão. Será que em Cartagena
seria diferente? Só o tempo responderia.
Cartagena
é uma das cidades mais bonitas da Colômbia. Possui uma arquitetura colonial com
seus mais de quatrocentos e cinquenta anos; tem belas casas adornadas com
azulejos centenários e lindas praças com cafés em estilo europeu, fortes e
castelos centenários. Tem montanhas cobertas de palmeiras e uma paisagem
deslumbrante. Cidade onde viveu o escritor Gabriel Garcia Márquez, prêmio Nobel
de literatura. Realmente, uma cidade bela e histórica. As noites em Cartagena
são bem-divertidas. Vitor e seus companheiros pretendiam aproveitar o máximo
essas belezas.
No
dia seguinte, no café da manhã Vitor recebeu a visita do escritor e sua filha.
Naturalmente Vitor queria saber o que aconteceu. Josefina explicou que,
conforme o entendimento tido com as autoridades colombianas ela poderia
permanecer na cidade o tempo que desejasse. Ali desenvolveria suas pesquisas no
Instituto Nacional de Ciências. Tudo autorizado pelo Ministério da Segurança.
Antonio Herrera era um estrangeiro livre naquele país acolhedor e, demonstrava
muita satisfação ao lado de sua querida filha e Vitor
sentia-se confortado por ter proporcionado a liberdade ao casal ao libertá-los
em Cuba.
Vitor
comunicou que em companhia de González e Massumi iria até a área portuária para
inspecionar a manutenção do veleiro. Queria retornar ao mar com segurança, pois
a viagem seria longa até às águas territoriais brasileiras. Depois visitaria o
centro histórico da cidade e logo à tarde estaria reunido com os demais para o
almoço.
─ Eu
e minha filha gostaríamos imensamente de acompanhá-los, disse o professor.
─
Será um prazer tê-los em nossa companhia, respondeu Vitor.
Em
seguida o grupo se dividiu, ficando acertado que às primeiras horas da tarde,
se encontrariam numa casa de chope. Vitor, Massumi e Gonzalez seguiram para a
área portuária. Ao concluírem a vistoria voltaram ao centro da cidade e
dirigiram-se ao local de encontro. Sentados a uma mesa se encontravam o
professor e sua filha que aguardavam Sebastiam Garcia, Marina e Laura.
─
Vamos beber um chope bem gelado enquanto aguardamos os companheiros, adiantou
Massumi.
Os
outros concordaram e, numa boa conversa aguardavam a outra parte do grupo que
chegaria a qualquer momento. No entanto foram abordados por dois policiais que
solicitaram a identificação do grupo. Os brasileiros haviam deixado os
documentos no hotel, mas logo se prontificaram a ir buscá-los na recepção do
hotel. Os policiais argumentaram que não poderiam esperar, e que tudo seria
resolvido no distrito policial para onde foram convidados a comparecer.
Josefina e o pai também teriam que acompanhá-los. Vitor argumentou alguma coisa
sobre um tratado que existe entre Brasil e Colômbia com relação a documentos,
mas não lhe deram atenção. Os policiais se mostravam educados, mas determinados
no que queriam, mas Vitor percebeu algo estranho no comportamento deles, a
maneira de andar e conduzir a arma no coldre, cujo modelo não correspondia às
tradicionais usadas por policiais da Colômbia, ele portavam revolveres ao invés
de pistolas semi-automáticas.
Entraram
na viatura policial que se afastou velozmente circulando por uma grande avenida
por dez minutos. Ao se distanciarem do centro. Josefina chamou atenção dos
policiais, pois conhecia bem a cidade, eles não lhe deram ouvido e Vitor
concluiu que se tratava realmente de um sequestro. Josefina insistiu com o policial pedindo-lhe uma
explicação e ele lhe apontou uma arma dizendo para ficarem quietos. A moça
sentindo que Vitor reagiria, fez sinal e ele recuou. Ela conhecia a cidade e a
essa altura já sabia que um sequestro estava em curso. Numa região montanhosa o
carro subia em alta velocidade, o grupo estava aflito, mas buscando a tranquilidade.
Um
falso policial, mantinha a arma apontada para os passageiros. Vitor estudava os
movimentos dos dois homens e num primeiro descuido, agiria rapidamente. Esse
era seu plano. Olhou para González e Massumi e fez sinal com os olhos para
redobrarem os cuidados. Desarmados Vitor e seus companheiros eram reféns de
bandidos da mais alta periculosidade.
─
Deixe de apontar essa arma para nós, estamos desarmados, disse Vitor.
─
Cale a boca ou quebro-lhe os dentes com a coronha dessa arma, disse o homem mal-encarado.
Permaneceram
em silêncio até que o homem parou o carro em frente a uma mansão e o portão se
abriu. Ali mesmo os prisioneiros foram algemados e levados à presença de
um homem que foi direto ao que queria
dizendo:
─ Sei
quem são vocês, sei também que deram cobertura ao professor Antonio Herrera
para que ele pudesse fugir de Cuba. Só por ajudar criminosos inimigos do estado
já merecem morrer, mas serei benevolente com todos desde que o professor me
informe o paradeiro do projeto de defesa que ele sabe o que é, e onde se
encontra, e revele-me o código do sistema de defesa do governo cubano.
─
Aviso aos senhores que não sou paciente.
─
Nada sei do projeto e dos códigos que você fala, pois eu era um simples
funcionário do governo cubano e, nunca tive acesso a documentos sigilosos,
adiantou o professor. O homem sorriu descaradamente e aproximando-se de Antonio
esbofeteou-o com violência. Massumi acertou uma pernada no bandido, mas foi
contido com uma coronhada na cabeça. Novamente o homem que parecia ser o chefe
da quadrilha, dirigiu-se ao professor dizendo:
─
Senhor professorzinho de merda, vou dar-lhe alguns minutos para pensar no
assunto, você sabe o que eu quero. Se não me passar às informações, vou
matá-los um a um a cada dez minutos. O primeiro a ser executado será sua filha
a senhorita Josefina, isso abrirá sua memória, disse o bandido, acariciando o
rosto da moça.
─
Depois chegará sua vez. Não tentem
ganhar tempo, se forem bonzinhos pelo menos um eu deixo vivo para contar a
história para os netinhos. Estamos entendidos? Sei que se comportarão bem
porque vocês demonstraram inteligência ao tirarem do território cubano esse
professor maluco, disse o homem.
Com
tapas e empurrões foram colocados numa cela. Vitor procurava traçar um plano de
ação.
─ Que
faremos? Temos poucos minutos, disse Massumi.
─
Prestem atenção no que vou fazer, calmamente disse Josefina.
─
Tenham cuidado, eles são muito perigosos, advertiu Vitor.
─ Vai
dar certo, confie em mim, respondeu a moça.
Um
sujeito mal-encarado e armado com uma pistola guarnecia a porta da cela. A casa
estava localizada entre as montanhas onde jamais alguém ouviria um grito ou
mesmo um tiro. Josefina pediu ao bandido, água para beber. O sujeito
maliciosamente disse que ela poderia beber, mas teria que ir com ele buscar a
água. Ela aceitou, pois tinha um plano. Vitor percebeu e ficou observando, mas
sem muita esperança de uma reação por parte de Josefina, que imaginava ser ela
inexperiente nesse tipo de ação.
O
indivíduo abriu a cela e com a arma na mão se afastou com Josefina que se
mostrou provocante, mostrando seus volumosos seios e sorrindo para o homem.
Minutos depois ouviram pancadas surdas e
depois um tiro e passos apressados no corredor. Era Josefina com a arma na mão
direita e um rolo de chaves na outra que logo jogou para dentro da cela. A
estranha e pacata professora havia matado dois homens e já estava de posse das
chaves da cela, das algemas e de duas pistolas. A batalha sangrenta estava
apenas começando e ela já havia mandado dois criminosos queimar no inferno, e
com certeza não seria o inferno de Dante
Alighieri.
Vitor
ficou a pensar em Josefina, a mulher frágil
que aparentava ser, mas que mostrava não ser tão dócil quanto parecia.
As mulheres são maravilhosas, quando menos se espera elas nos surpreendem,
pensava Vitor.
Josefina
mostrava-se ágil como uma onça-pintada. Vitor abriu a cela e saiu com os
companheiros, deixando o professor escondido no seu interior. Ele recebeu uma
pistola e rapidamente afastou-se para a outra margem do largo corredor. Homens
armados corriam pelos corredores e outros se escondiam atrás de amplas colunas. Massumi e Gonzalez sabiam
lutar corpo a corpo e aguardavam a aproximação de algum criminoso para
tomar-lhe a arma.
Na
outra ala do prédio ouviam-se passos apressados e homens falando alto, na porta
principal dois homens surgiram e antes que disparassem suas armas, Vitor deu
uma rajada de tiros e os dois caíram em pedaços. Vitor manteve-se deitado, e os
outros rastejando procuraram se aproximar das armas caídas a poucos metros.
Josefina rolando de um lado para o outro, disparava sua arma procurando acertar
alvos no fim do corredor. A situação era tensa. Vitor e seus companheiros
estavam em visível desvantagem, pois homens armados surgiam de todas as
direções do prédio, a luta estava se mostrando extremamente sangrenta.
Vitor
atirando deu cobertura e Massumi que se apossara de uma arma a fez rolar até
Gonzalez que passou a atirar protegendo a porta da cela onde se encontrava
Antonio, alvo que os bandidos queriam a todo custo. Josefina atirou na direção
da outra ala surpreendendo dois homens que foram baleados, mas um terceiro
conseguiu acertar González que caiu sangrando. O outro ganhou espaço e veio
atirando, porém sua munição acabou como
também da arma de Josefina que se jogando sobre o homem, tirou-o de combate com
um golpe de caratê e o fez ficar na linha de tiro de Vitor e ordenou:
─
Mãos na cabeça se levantar o corpo será mais um bandido a visitar o capeta. As
balas ricocheteavam por todos os lados.
O
homem reagiu e foi baleado entre os olhos pela segura pontaria de Vitor que
estava alerta.
Vitor
e seus companheiros procuravam a todo custo ganhar espaço e dominar a situação.
González havia ficado na retaguarda como segurança de Antonio Herrera e,
portanto seus companheiros não podiam se afastar. Balas surgiam de todas as direções. Os
companheiros recuaram e se posicionaram próximos à porta da cela, prontos para
atirar em três direções. Vitor e Josefina haviam recolhido algumas armas e
agora os quatro estavam bem-armados. Na parte externa da mansão já se ouviam
disparos; era a polícia que acabara de chegar, e com seus homens dominava a
parte exterior da casa, desarmando e algemando
alguns que ainda tentavam resistir.
O
tiroteio cessou e Vitor percebeu que seu grupo e a polícia dominavam a luta.
Muitos bandidos estavam fora de combate, feridos, desarmados ou mortos. Um
reforço policial e ambulâncias já estavam a caminho, mas alguns homens
continuavam tentando fugir escalando um muro de cinco metros, alvo fácil para
Josefina e os policiais acertarem-lhes as pernas com balas de poderosas armas.
Vitor
pediu a Josefina que assistisse Gonzalez que, mesmo baleado mantinha nas mãos,
duas pistolas com carregadores cheios. Josefina, correndo chegou até o ferido,
fez uma compressa sobre o ferimento e manteve-se a seu lado. O professor se
mantinha deitado, mas com uma arma na mão atirava dando cobertura aos demais.
Vitor e Massumi observavam, procurando ficar fora da mira de algum bandido.
Vitor ainda ouviu tiros fora do prédio e percebeu que os bandidos ainda tentavam
escalar o muro, mas em desvantagem foram completamente dominados pela eficiente
polícia.
Vitor
olhou para trás e viu Josefina baleada com o corpo jogado em cima do pai e um
bandido apontava-lhe a arma. Massumi já sem munição, mas com muita agilidade,
jogou-se sobre o homem, tomando-lhe a arma e com a mesma estourando seus
miolos, era mais um famigerado bandido a visitar o demônio.
A
luta parecia ter chegado ao fim. No entanto, surgiu na frente de Vitor o chefe da
quadrilha. Mandou que Vitor jogasse a arma no chão. Ele jogou e o criminoso
apontando-lhe a arma na nuca, ordenou: Mande sua gente largar as armas. De
repente o bandido deixou a arma cair e, em sua testa apareceu um fio de sangue.
Suas pernas dobraram, ele tombou e seguiu em direção ao inferno. O delegado
havia mirado em sua cabeça e num breve movimento do bandido o homem da lei
atirou e o criminoso despediu-se desse mundo. Os tiros cessaram e num silêncio
de cemitério alguém gritou o nome de Josefina:
─
Josefina, aqui é o delegado Gimenez, está tudo sobre controle.
Vitor
gritou dizendo:
─
Josefina está ferida.
Com
ligeireza o delegado se apresentou com seus homens, dizendo:
─
Podem baixar as armas, os bandidos estão dominados, sou eu o delegado Gimenez da
Interpol, e correndo se aproximou de Josefina. Ela sangrava, mas fora de
perigo. Logo a ambulância chegaria com os primeiros socorros. Uma bala havia
atingido o tórax do capitão González que apesar de sangrar não parecia tão
grave, o petardo havia atingido de raspão sem perfurar seu corpo. A luta tinha
um saldo de onze mortos, e dezesseis feridos e vinte presos, havia sido uma
batalha sangrenta com três policiais feridos, dois civis do grupo de Vitor e
infelizmente um homem da lei havia passado dessa para outra.
─
Grato por ter salvado minha vida, disse Vitor.
─ Eu
é que lhe devo muita gratidão, proteger a vida dos cidadãos é meu dever,
respondeu o delegado e completou dizendo:
─ Eu
caçava essa quadrilha havia cinco anos ininterruptos. Eles eram muito espertos
e perversos. Tinham ramificações em muitos países, inclusive no Brasil e
Argentina onde até políticos influentes lhes davam cobertura. Foi uma grande
derrota para o crime organizado, e será maior ainda quando eles me passarem as
informações que precisamos para dar-lhes o golpe final. Agora posso mandar um
recado para seus patrões lá na Florida, disse o delegado.
Os feridos do grupo de Vitor foram conduzidos
ao hospital e depois das formalidades legais, liberados. Os bandidos recolhidos
ao presídio e hospitais da região. Vitor e seus companheiros, depois de
medicados voltaram ao hotel, com exceção de Gonzales que permaneceu em
observação médica, sendo liberado no dia seguinte.
O
relógio marcava vinte horas e apesar de Vitor haver telefonado dizendo que
explicaria tudo quando chegasse ao hotel, Laura estava furiosa, porém depois
dos esclarecimentos ela entendeu. No dia seguinte receberam a visita do
delegado, que acompanhado por Josefina e seu pai, pareciam outras pessoas; ela
com mais desenvoltura e ele com um porte mais altivo. Foram apresentados pelo
delegado que se dirigindo a Vitor,
disse:
─
Quero apresentar os agentes da Interpol, senhorita Josefina Pastor Herrera e o
senhor Antonio Enrique Herrera, sendo que ambos trabalham como agentes infiltrados,
Antonio é realmente um professor, mas antes de tudo é um policial da melhor
estirpe. Josefina é professora na universidade, mas é também uma excelente
policial amante desse país. O senhor deve estar estranhando como as coisas
aconteceram, sei inclusive que as férias de vocês tornaram-se uma aventura
muito perigosa. Para desbaratarmos essa organização foi necessário usar
indevidamente o senhor e seus companheiros como isca para podermos prender
esses criminosos inimigos de Cuba e Colômbia, com raízes profundas nos Estados
Unidos. Pedimos-lhes muitíssimas desculpas por tudo que aconteceu.
Nós
sabíamos que retirando de Cuba o professor Antonio Enrique eles naturalmente
seguiriam seus passos em busca de sequestrá-lo em virtude de termos plantado
uma falsa notícia que Enrique fora abandonado pelo governo de seu país e
possuía informações importantíssimas
sobre a segurança nacional tanto de Cuba quanto da Colômbia. Essas
informações valeriam muitos mil dólares
no mercado negro, todavia eles engoliram a isca, e agora estão presos. Falta
prender a cúpula da organização, o que se dará em breve, tarefa que caberá a
Policia Federal do Brasil, auxiliada pelo FBI americano.
O
agente Antonio Enrique estava sendo protegido por agentes da Interpol, serviço
secreto de Cuba, Colômbia e naturalmente por vocês que também estavam sendo
guarnecidos nesta grande operação. Participaram dessa missão nada menos do que
trinta agentes, quatro aeronaves e dois navios, sendo um submarino que do mar a
tudo monitorava.
Foi difícil pegá-los porque eles têm ligações com
a banda podre da política e das polícias. Novamente peço-lhes desculpas em nome
das autoridades dos nossos países e quero dizer-lhes que o senhor e seus
companheiros prestaram um grande serviço ao povo. O Caranguejo e sua tripulação
ficarão permanentemente nos registros da Interpol no mundo inteiro, como
grandes amigos e, sempre terão a nossa proteção. Também enviaremos um delegado
especial para pessoalmente agradecer o auxílio da Sra. Raquel sua ex-esposa,
sem ela essa operação não teria acontecido, concluiu o competente delegado.
─
Vamos pedir para ele prender o Chevalier, disse Garcia.
─ Um
fenômeno daqueles não surge duas vezes, respondeu Massumi.
─
Certamente ele está rindo de nossas caras, disse Vitor.
─ O
delegado ainda proferiu algumas palavras, dizendo:
O
Caranguejo foi monitorado via satélite e seguido mesmo em águas internacionais
por barcos da marinha dos nossos países. Aqui mesmo na Colômbia o Caranguejo
foi protegido por agentes disfarçados. Hoje mandamos fazer uma varredura nele
afastando qualquer possibilidade de sabotagem. Ele está abastecido, livre e em
boas condições para prosseguir viagem com toda segurança e, nós nos colocamos
ao inteiro dispor dos senhores. No entanto, precisamos entender porque o barco
ficou alguns dias fora do nosso controle concluiu.
─ São
mistérios do mar, disse Vitor.
─ Não
entendi.
─
Esqueça delegado, um dia quando você velejar vai entender.
─
Sim, compreendi, respondeu o homem da Lei.
─ Meu
respeitável delegado como o senhor soube que havíamos sido sequestrados?
Perguntou Vitor.
─ Nós
somos bem-informados, respondeu o homem da lei.
Vitor
tinha no rosto alguns hematomas de socos desferidos por bandidos. De Josefina
Vitor recebeu um respeitoso beijo e uma minúscula medalha com a insígnia da
polícia internacional. Agora a tripulação do Caranguejo estava livre para
voltar ao mar, mas será que o mar não teria mais alguma surpresa com seus
infinitos mistérios? Só velejando pelo mar das Caraíbas eles descobririam.