terça-feira, 18 de outubro de 2016
Sonhando
Antonio
de Albuquerque
Sonhando
Acordei com saudade tendo a sensação que em sonho
visitei um passado muito distante. Essa era a impressão. Pela janela do Tapiri
ouço a algazarra de crianças a brincar, embora adore crianças não consigo boa
concentração escutando o encantador rumor que fazem, parecendo passarinhos
chegando aos seus ninhos. Nem consigo pensar, embora volte a sentir incontida
saudade e os pensamentos me conduzindo a idear lugares e pessoas que até penso
não conhecer. Dizem que ao dormirmos nosso espírito visita lugares, coisas e pessoas.
Creio nessa afirmação lógica, visto que fora desse corpo material possuímos
incomensuráveis atributos e possibilidades que ainda desconhecemos. Quando do
sonho ao corpo retornamos nada ou de quase nada nos lembramos. Não recordamos
em face da matéria pesada que ocupamos, assim afirmam os que procuram entender
o que é a matéria e o que é o espírito.
Quem sabe!
Caminhando pelas ruas deixarei para trás essa triste saudade! Pensei. Era cedo
e as ruas estavam quase desertas, apenas algumas pessoas caminhavam em direção
a reserva florestal Samaúma. Então, resolvi segui-las pensando encontrar um destino
para acalentar os pensamentos que me afligiam trazendo uma saudade doída. Caminhei entre floridas e bem cuidadas
alamedas circundadas por imensas arvores; Jatobás, Castanheiras, Samaúmas,
Imburanas de Cheiro, Caranapaúba, Pau-d’arco, Breu, Cajueiro, Jatobás e tantos
outros vegetais que agradam meus sentidos. A bela manhã sorria e o vento
acarinhava meu rosto com um sorriso de luz do alvorecer.
Resolvi então, sentar à sobra de um frondoso Jatobá
para melhor observar o aprazível santuário. Num profundo silêncio comecei a pensar
na perfeição da Natureza, imaginando que é no silêncio que choramos, nos
alegramos, sorrimos, amamos, gozamos e falamos com Deus. Folhas verdes guardavam
o orvalha da manhã que se derramava sobre galhos caídos, e acima deles minúsculos
insetos caminhavam, e entre tantos as formigas seguiam uma minúscula trilha de
contornos definidos penetrando nas rachaduras da terra úmida enriquecida por
nutrientes naturais. Estava eu completamente envolvido e embasbacado com o harmonioso
cenário, percebendo um mundo diferente em que eu me envolvera sem sentir nenhuma
ligação com o que experimentara antes; a saudade revelada. Ágora, pensava na
perfeição da natureza. Raios dourados do Sol penetravam por entre os saudáveis
galhos floridos do Jatobá, e a suave brisa da manhã afagava meu rosto tingido de
contemplação num esplendoroso acalanto da Natureza, meu coração vibrava de
felicidade e alegria. Adormeci sonhando.
Sonhando um sublime perfume, chegou
a mim
uma bela árvore em forma de homem nomeado de Breubranco, dizendo que sua resina
secretada, naturalmente da árvore é utilizada em pó queimado cuja fumaça é
usada para curar as dores de cabeça e insônia de criança espantada. O pó da sua
resina também é usado para tratar cortes no corpo. A fumaça do pó queimado do Breubranco
atrai boa energia e afasta a ruim.
Assim contou o homem que para
mim se apresentou narrando sua história, quando tudo iniciou na África setentrional
a milhares de séculos em um passado tão distante esquecido pelo homem.
Então, contou o
nobre visitante:
─ Nasci num
lugar na África setentrional, filho de um mandatário de uma nação muito
atrasada que acreditava em magia negra e vícios malfazejos, embora o rei fosse
um homem virtuoso. Eu era seu filho conhecido por príncipe Breu “o benfeitor”.
O rei era um sábio homem e a mim confiou à missão de tirar aquele povo da
ilusão. A natureza havia me dado o direito de ser um sensitivo e quando
visitava as tribos do reinado afastava a energia ruim que dominava os lugares, despedindo-a
com minha força mental, ainda que praticasse algum ritual para satisfazer a
compreensão deles. Sentido com o sofrimento dos súditos do meu rei, um dia pela
força da Natureza me encantei nessa árvore que sou, dando continuidade a missão
que me foi confiada, afastando das pessoas e, dos lugares, doenças e forças
maléficas, despedindo-as para outras dimensões.
Despertando com
o pensamento sonhando a beleza do verde da Natureza, com sentimento de alegria numa
ternura que alenta a vida, volto desse indelével passeio, e aqui da varanda do
meu Tapiri, enlevado escuto a chuva molhando a roseira, o vento ventando
alegria sentindo-me mergulhado nos encantos da misteriosa floresta, arco-íris,
seiva das belezas da vida, lembrando-me da figura encantada de Breubranco, o
benfeitor, com seu perfume e força curadora. Com os olhos banhados de lendas trouxe
de volta a alegria e a felicidade que nunca mais sairá de mim nem de você.
sábado, 9 de abril de 2016
Velho Bento
Pedro
se despedia do Nordeste, sabendo que em breve a empresa para a qual trabalhava
iria mandá-lo para o Norte em busca de novos negócios, e assim também
realizaria seu grande sonho, conhecer o Norte do Brasil, imensa e exuberante
região coberta de florestas e água. Enquanto isso iniciava, no sul do Piauí,
uma viagem procurando chegar a uma cidade no sertão pernambucano que atravessaria
uma região deserta, com estradas ruins e alto índice de assaltos. Pedro
abasteceu o carro com um tanque sobressalente e alguma alimentação: pão, azeite,
mel de abelha e água potável. Pedro estaria viajando sozinho pelo menos por
doze horas e estando se despedindo, essa
viagem tornara-se histórica e inesquecível. Nessa viagem surgiriam
acontecimentos marcantes que transformariam profundamente sua vida.
Aproveitou o frescor da manhã e às seis horas
estava na estrada dirigindo em baixa velocidade para melhor segurança e também gravar
na memória a paisagem do sertão. Eram onze horas, e sob o brando sol da manhã
parou em uma elevação e ali permaneceu por alguns minutos, observando a estrada
gretada e a terra seca do sertão, imaginando como uma pessoa poderia viver
naquele árido lugar. Distante enxergou uma árvore verde e frondosa, tratava-se
de um juazeiro que possui raízes profundas que chucham água nas profundezas dos
leitos secos dos rios. Muito além, uma revoada de pássaros, voando em perfeita
formação, certamente buscando água. No sertão é assim, sempre se busca uma
fonte. Pedro ainda não sabia a razão de tanto amor que sentia pelo sertão, esquecido
por alguns. Seguiu viagem e, na solidão, ligou o rádio para escutar alguma
notícia. Ao sintonizar a rádio, o locutor falava de crises econômicas, maus
políticos, de comunistas que queriam tomar o poder, enfim, coisas banais que
ainda hoje se escutam nesse País de extraordinária beleza. Desligou o rádio e
em silêncio imaginou, onde estaria dali a cinquenta anos. Lembrou-se de um
grande amor que apesar de não dizer, seu espírito o escondia, o abrigava e o
fazia sofrer, lembrando que toda felicidade é passageira, mas a saudade dura à
vida inteira. Pedro sonhava que um dia poderia estudar em uma faculdade, e
formar-se doutor, quais os filhos do coronel João Rodrigues e, mesmo absorto em
pensamentos, percebeu uma falha no motor do carro. Parou e examinou o que teria
acontecido. Não descobriu o defeito, até porque nada entendia de mecânica de
carro. Horas depois, cansado e quase sem esperanças de sair dali, observou que
bem perto, a cem metros, havia uma casinha que mais parecia um pombal. Ainda
era manhã num dia banhado de sol. A acauã piava bem perto e a cigarra cantando
anunciava mais um dia sem chuva, a beira da estrada árvores secas e retorcidas
abrigavam pequenos calangos que buliam nas folhas mortas pelo calor. O Jipe
estava num declive e, empurrando estacionou em frente casa, buzinou, gritou, mas, ninguém atendeu e
quando havia desistido avistou na pequena varanda da casa, um homem se
embalando numa rede. Pedro achou estranho não tê-lo visto antes, mas o
cumprimentou dizendo: — Você estava aqui e eu nem vi. — É eu estava aqui, afinal, todo
lugar é aqui, respondeu o
homem. Juntos riram muito e o simpático homem se apresentou dizendo chamar-se
Bento. Pedro foi convidado a pernoitar na casa de Bento. Aceitou prontamente,
pois aquela região era perigosa
para viajar à noite e além de tudo o carro não estava em boas condições. Bento
foi à cozinha e Pedro permaneceu na varanda de onde ouvia Bento falar: — Faz
muito tempo que não chove por aqui. Ainda hoje preciso alimentar as cabras com
canafístula. É uma boa ração e faz aumentar o leite. Tem água aí no pote, se
quiser, pode beber. Você gosta de mel de abelhas? — Sim, gosto muito! —
respondeu Pedro. Parecia que se conheciam havia muito tempo. Pedro sentia
grande alegria em falar com Bento, que conhecera há alguns minutos. A voz
branda e pausada daquele homem transmitia paz e harmonia trazendo uma impressão
indizível de felicidade e paciência. Pedro achava-o diferente de todos os
homens que conhecera. A casa refletia a ele mesmo, muito simples e Pedro não
conseguia entender porque antes não havia visto aquela casa e seu morador. As
paredes de barro, rachadas indicavam ser uma construção muito antiga. O teto
era de palha de carnaúba e tinha três cômodos: sala, quarto, cozinha e uma
pequena varanda. Em cada compartimento cabia no máximo três pessoas. As portas
sem trinco feitas de cipó e palha, o piso de chão batido. Fora da casa existiam
dois pés de bouganviles com flores brancas e vermelhas que, entrelaçados sobre
a casa, formavam uma paisagem luminosa, um quadro de indelével beleza. A uns cem metros, podia ver o
curral das cabras de onde se escutava o berro dos animais e sentir o cheiro
característico. Na varanda havia um pote de barro com água fresca e sobre ele
duas cuias utilizadas para beber água vinda de uma fonte no alto da montanha
que só Bento sabia como chegar lá. A mesa de jantar era uma tábua de aroeira
com duas cadeiras feitas de argila em forma de banco, tudo bem arrumadinho parecendo
que Pedro já era esperado. Na cozinha havia um fogão a lenha, panelinhas, pratos
e travessas. As colherinhas trabalhadas artesanalmente eram feitas de angico
branco, madeira nobre do sertão. Esses objetos, simples e singelos pareciam
feitos pela própria natureza.
Bento era um homem alto com pele queimada pelo
sol do sertão, vestia calça velha arregaçada até os joelhos, camisa xadrez com
alguns furos que permitia enxergar seu corpo negro e enrugado, característico
de quem em demasia se expõe ao sol, nos pés usava alpercatas de couro. Quando
Pedro perguntou sua idade, respondeu que era mais velho que a Terra. Tinha
semblante sereno transmitindo sossego e propagando pura energia, sorriso de
criança e uma barba longa e alva qual a flor do algodão. No poente despedia-se
a tarde dourada. Sentaram-se à mesa, para o jantar. Em pratinhos de barro, foi
servido: queijo, canja, coalhada e mel de abelha jandaíra. A canja feita de
avoantes, aves que naquela estação do ano migram da África para o Nordeste
brasileiro para acasalamento e depois, as que o homem não come, voltam para lá.
Sorrindo comentava Bento. O mel era colhido ali bem próximo, só precisava saber
colher no tempo certo. No sertão é assim, só não tem tempo certo para a chuva.
A coalhada e o queijo eram feitos do leite das cabras que Bento criava. Num solene
movimento postaram as mãos, abaixaram a cabeça e permaneceram em silêncio como
que agradecendo a Deus pelo alimento recebido. Após o jantar sentaram-se no
terreiro em frente a casa sobre esteiras de palha de carnaúba. A noite chegou
suave tal um aroma e o silêncio desceu brando como o pouso de uma garça. O céu
apareceu atapetado de estrelas, a lua resplandecendo com fulgurante beleza. Pedro
contemplava o céu e Bento olhava-o com admiração. Pedro queria saber se Bento
estava feliz naquele lugar e Bento sorrindo, pediu para Pedro olhar o céu, as
estrelas, a lua, para sentir a força do Universo. Pedro com os olhos fixos no
céu sentiu vibrar seu corpo e viu uma grande luz a espargir-se sobre ele.
Sentiu-se viajando pelo espaço infinito sem perceber o peso do corpo,
sem ver passar o tempo. Momento de bem aventurança, de interação com a
natureza divina. Pedro contemplava Bento que se confundia com a claridade enxergando
sua imagem no Universo, sua figura humana se expandindo no céu sem fim,
enfeitado de astros e brilhantes estrelas. No céu surgiram dois homens de
inenarrável beleza, deram-se as mãos formando um grande círculo pelo céu conduzindo
Pedro às mansões do Universo, visitando astros e estrelas na órbita do sol e
muito além. Pedro sentiu-se pequeno e entendeu que também fazia parte do Todo.
Abriu
os olhos e a manhã despertava num sorriso de luz do sol, procurou o velho Bento
encontrando-o sorrindo. — Sim, sou feliz aqui nesse lugar, respondeu Bento. Pedro
refletia sobre a felicidade que enchia seu coração, sentindo-se próximo de
Deus. Não encontrou palavras para falar daquele momento, mas guardou para si o
que entendeu ser, um encontro com o Criador. Chegou o momento de despedir-se do
anfitrião, visto que Pedro precisava seguir viagem. Por longo tempo permaneceu
abraçado a Bento, sentindo o cheiro do homem do sertão, e naquele abraço o silêncio
dizia tudo. Pedro não queria viajar, dizer adeus, mas em silêncio entrou no
carro com os olhos molhados de lágrimas sentindo saudades. Permaneceu em
silêncio que é como melhor se chora, se ama e se fala ao coração. Sem explicação o carro não apresentou
defeito e Pedro prosseguiu viagem. Aquele inesperado encontro ficou marcado
para sempre em sua memória, ciente que não existe acaso, tudo é vida, mistério.
Véspera
de Natal, Pedro resolveu retornar em visita ao amigo Bento. Estava a mil
quilômetros de distância, mas agora, com um carro mais potente viajaria com mais segurança.
Atravessou o sertão com vontade de chegar e abraçar o velho Bento, quanto mais
se aproximava, mais alegria sentia, embora a estrada parecesse longa e
infindável. O que Pedro não havia perguntado ao velho Bento, agora queria indagar,
desejava abraçá-lo e dizer quanto o amava, respeitava e admirava, pois dele recebera
o maior ensinamento de sua vida, e dizer também que queria aprender muito mais
ensinamentos. A cada curva da estrada, parecia vê-lo acenando. Sentia alegria, imaginando
poder estar sentado a seu lado e, quem sabe, viajando outra vez pelo Universo.
Pensamentos voavam e, sentimentos de expectativa o afligiam quando finalmente
chegou ao tão esperado lugar, a casa do velho Bento. Olhou em volta, procurou a
casa e não encontrou nenhum vestígio que alguém tivesse morado ali. Levantou a
cabeça, olhou o tempo e escutou o silencio do Criador sentindo que Bento havia
deixado ali sua pura energia.
Quando se voltou enxergou os dois bouganviles
entrelaçados, floridos e acarinhados pelo vento suave e lembrou-se do abraço do
velho Bento Tocou nas flores quando murmuravam, olhou para o céu e voltou a
sentir um saudoso raio de alegria lembrando-se que o abraço do velho Bento se
eternizara. Tempos depois, numa tarde de céu azul ao sobrevoar o imenso sertão,
indo para o Norte do país imaginou o amigo acenando com os braços abertos, formando
uma estrela e sua voz ecoando no universo, dizendo: Todo lugar é aqui.
Fragmentos do livro “O mundo de Pedro”
Antonio de Albuquerque
segunda-feira, 4 de abril de 2016
Ciência e Evolução
Quando o homem vem a Terra necessitando de luz para enxergar e livrar-se dos
laços negativos existentes no planeta, chega como se estivesse dentro de uma
caverna de costas para a luz, aceitando a sombra como realidade, somente
enxergando o que pensa ser real, razão do seu distanciamento do saber. No
entanto, existe um método capaz de expandir sua compreensão, que são as observações
sobre os fenômenos da natureza. Essas verificações começam pela observação dos
reinos; mineral, vegetal e animal. O contato direto com esses elementos da
natureza faz o homem desvendar mistérios e descobrir segredos da natureza. A expansão
da memória do homem acontece pela verificação no seu próprio corpo, começando a
conhecê-lo direcionando a busca por meio do pensamento para a sua mente, onde
está armazenado o conhecimento, sendo esse um atributo do espírito que lhe foi concedido
pela natureza no momento da criação. Quando o homem utilizar o saber guardado
em sua memória adquirido por experiências e recordações, certamente encontrará
a direção certa para seu aprimoramento moral, ético e intelectual, essas são condições
indispensáveis para desfazer-se das imperfeições. Por falsas interpretações e
carência de conhecimento algumas religiões sentem dificuldades para nortear o
homem e afastam-no da realidade. Homem e religião, ambos estão sujeitos ao fanatismo
religioso, sendo esse um dos laços perversos existente na Terra distanciando o
homem do pensar sua realidade, mas nem mesmo por essa razão as religiões deixam
de trazer grandes benefícios, e na maioria das vezes indicam o caminho certo
independente quais sejam elas. Quando o espírito vem à terra a fim de receber
um corpo, traz como objetivo essencial o aprimoramento que rebeberá através da
ciência, até reconhecer o Criador, tornando-se um espírito evoluído preparando-se,
então, para guiar outros espíritos menos aprimorados. Em longo processo para
conhecer a si, o outro e a natureza, o homem sendo parte dela poderá um dia chegar
a conhecê-la plenamente permanecendo na
mesma frequência, unido a um só pensamento, natureza e homem, formando um só,
tal qual o Sol. Embora saibamos que o espírito só chegará a um avançado estágio
evolutivo, após viver milhares de experiências recebendo transformações pelas
quais passa ele e a Terra, construindo um ser menos vulnerável, mais sensível,
amoroso e manso. Quando o Criador determina a vinda de um mensageiro a Terra, entre
tantos; Jesus, Salomão, Buda, Maomé, Gabriel, Alá, Moisés. Esses mensageiros vêm
mostrar que pelo conhecimento o homem pode realizar feitos inimagináveis mesmo dentro
de sua limitada evolução. Esses Mestres ensinam que sendo o espirito detentor
de atributos ainda desconhecidos por muitos, outrora tidos como milagres, hoje,
são explicados pela ciência quântica. Mas, para
entender a natureza é preciso respeitá-la, observando alguns fenômenos tais como
o nascer e o por do sol, as estrelas, e lua, procurando entender os reinos, mineral,
vegetal e animal, sendo esses reinos observados, pode o homem descobrir que para
evoluir necessita do conhecimento contido nesses reinos da natureza. O Sol nasce
todos os dias ao longo de bilhões de
anos, trazendo luz, clareando a todos em todos os lugares do planeta sem distinguir
lugar, criaturas, raça ou cor. Um animal por mais minúsculo que seja até mesmo
uma monera ou um homem por mais saber que possua, também precisa receber a luz do sol. Desde a criação da
Terra, o Sol vem clareando suas matas, campos, águas e animais, e mesmo sendo o
homem parte integrante da natureza ao longo de tantos mil anos ainda não foi
capaz de evoluir suficientemente para reconhecer seu lugar junto à natureza
para conhecer a si e ao outro. Embora conectados ao Criador, alguns homens não percebem o que estão a fazer na
terra, esqueceram-se de sua missão e, embora sejam filhos do mesmo pai, não se
reconhecem como tal, agredindo e destruindo o planeta.
Esses senhores deixam-se dominar pelas
coisas mais precárias; orgulho, inveja e ciúme, procuram dominar as minorias
que, corrompidas também corrompem, sendo o mal que tem maiores tentáculos de
dominação sobre a civilização. Em algumas religiões o fanatismo tem domínio
absoluto sobre alguns dirigentes e prosélitos, que cegos pelo orgulho, que é pai
de todos os males, e o domínio sobre seus seguidores, denominados de rebanho. São
esses rebanhos na grande maioria fanatizados obedecendo sem conhecer o objeto
perverso de sua crença. Os que inocentemente se transformam em sectários nem
percebem e compram a um alto preço em ouro a salvação num céu imaginário de um
deus irreal que está dentro de suas tenras compreensões. Assim alguns homens
vivem na terra sem conhecer o sentido
real de sua existência que é a busca do conhecimento. Um dia, porém, todos conhecerão tudo quanto
existe na Terra e nas moradas do Universo, e se tornarão todos os homens,
verdadeiros.
segunda-feira, 28 de março de 2016
A Adoção
A infância de Pedro foi marcada por acontecimentos
fortes que muito contribuíram para, no curso de sua vida, tornar-se um homem
solidário forjando um forte caráter. Ainda criança vivenciou o sofrimento e a
morte do irmão Israel. Um menino de oito anos que vivia feliz em seu mundo de
imaginação e ternura. Subia a montanha para contemplar o vale, os prados e a
revoada dos pássaros sobre o imenso sertão, espetáculo que acontecia com
frequência nos meses de maio e junho, período de colheita de mel nas encostas
das montanhas. Na fazenda, assistia as vaquejadas, corridas de cavalos e
brincadeiras com gangorras. Era então, uma época de bonança e prosperidade no
sertão. No entanto, ao longo de uma estiagem as fontes d’água se esgotaram, e
consequentemente a vegetação secou, os animais morreram, e a alimentação
escasseou. Israel perdeu a alegria para
exercer as brincadeiras de criança e permanecia na esperança que o pai
regressasse da caatinga trazendo algum alimento, mesmo que fosse um preá, um
passarinho ou até a raiz de algum vegetal resistente à seca, que servisse de
alimento. O pouco alimento que obtinham era dividido entre a família, sem
esquecer-se dos vizinhos, também famintos. Algumas vezes a mãe cedia seu
alimento para um filho permanecendo sem alimentação. Ao anoitecer se reuniam no
terreiro da casa, sob a luz da lua e estrelas, agradecendo a Deus por ainda estarem
vivos. Quando não existiam possibilidades de sobrevivência nesse lugar, o pai se
ausentou procurando uma fonte de renda em uma frente de trabalho mantida pelo
governo. Precisava trabalhar receber o pagamento que seria efetuado em
alimentos e voltar a tempo de encontrar a família incólume. Com a viagem do pai
a família permaneceu aguardando seu regresso, mas após alguns dias, Israel já
debilitado, tendo frequentes desmaios, e ao voltar à consciência dizia para a
mãe que o céu era lindo e que ela não perdesse o ânimo, pois o pai voltaria. Em
dado momento Israel não resistiu e faleceu. Dias depois quando o pai voltou em
socorro da família, o corpo do filho estava sepultado próximo a uma frondosa
aroeira. O pai, ajoelhado ao pé da árvore, agradecia a Deus por ainda estarem
vivos os outros membros da família. O sertanejo tinha um semblante de
sofrimento e dor, com olhos umedecidos contemplava o campo que outrora fora
colorido pela relva, flores e borboletas. Mesmo assim amava o lugar, era sua
terra, sua morada, seu sertão, seu mundo. O valente homem com olhos fixos no Sol
pedia para enxergar o caminho. Ele possuía inabalável fé em Deus e sabia não estar
sozinho. Diante daquele cenário de desalento, o casal fez uma avaliação e
concluiu que necessitava tomar uma decisão, embora difícil, mas que poderia
amenizar a angústia. Os pais resolveram dar para adoção o filho Pedro. Temiam
que ele, mesmo sendo um garoto sadio, tivesse o mesmo destino do outro filho, que
não resistiu à estiagem. Existia uma família com condições financeiras para
criar Pedro que havia demonstrado
interesse em adotá-lo. Seus pais, que antes resistiram à ideia, agora pensavam
em salvar a vida do menino, por saberem que o filho seria alimentado e salvo da
morte por inanição. Os pais tinham consciência que aquela decisão seria a mais
difícil de suas vidas. Era noite e Pedro dormia. Os pais conversavam baixinho,
a mãe chorava embora convicta que aquela seria a melhor solução. O pai a
consolava, dizendo que seria melhor para o menino. Ao amanhecer a cigarra
cantando anunciava um dia sem chuva e calor abrasador. A mãe olhando o filho famélico,
nada possuía para saciar-lhe a fome. O pai no terreiro fitava o Sol dizendo: — Oh! Deus Sol, abençoa-me, faz cessar minhas
lágrimas e angústias, ilumina meu caminho, preciso de força e coragem. O homem
falava com Deus pedindo sua compreensão por ter que tomar aquela deliberação.
Ele não se sentia desamparado por Deus, mas sofria com os olhos pejados de
lágrimas. No entanto, firmava o pensamento querendo resolver o impasse. Ao
romper da aurora, sem pressa o casal
caminhava numa estrada estreita entre arbustos secos e contorcidos pelo intenso
calor. Ao longo da estrada avistavam-se carcaças de animais que haviam perecido
pelos efeitos da seca, calangos buliam nas folhas debaixo das árvores mortas, no
alto o Sol parecia uma manopla de fogo. O pai seguindo à frente, Pedro ao lado com
passos curtinhos de criança, ainda não entendia porque havia deixado para trás,
a casa e os irmãos. A mãe amiudava os passos, por não ter pressa nem lágrimas,
e caminhava lentamente, mas era forte qual pau de aroeira. O menino, ora ao
lado do pai, ora da mãe, ou nos braços de ambos, não entendia o porquê de tanta
aflição. O coração batia forte, sentindo medo de se separar dos pais. Na sua
compreensão se houvesse uma separação seria o fim de sua vida. A mãe havia
falado que ele ficaria apenas por uns dias morando na casa de dona Mendonça e
com a chegada da chuva voltaria para casa, porém Pedro se sentia rejeitado e
chorava baixinho para ninguém ouvir seu lamento, tinha aprendido que homem não
chora. Mera ilusão. A mãe abraçava o filho, sentindo o pulsar do corpinho raquítico
naquele momento de tristeza. Havia perdido um filho e sentia estar perdendo
outro. Chegara o momento de entregar Pedro para adoção, o que lhe magoava o
coração tão sofrido. Depois de uma curva na estrada, avistaram uma casa branca
de varanda com algumas roseiras e a mãe falou para si mesma: — Como ela pode
ter uma roseira, se não temos água nem para saciar nossa sede? ─ Tudo que eu
não queria está se consumando, falou baixinho para si. A
mãe não tinha lagrimas para chorar, apenas baixinho articulava palavras.
Finalmente pararam, e em silêncio entreolharam-se, mantiveram-se calados e, a
chorar se abraçaram. Dona Felina, a mãe, não queria aquela separação, as poucas
lágrimas que surgiram molhavam seu rosto cansado. Ela não reclamava, apenas
chorava por ter de abdicar do filho, mas em seu coração de mãe amorosa existia
alguma esperança. Talvez dona Mendonça tivesse mudado de ideia ou não estivesse
em casa, mil pensamentos borbulhavam sua mente esperançosa e valente. —
Santíssima mãe escuta minhas preces, me poupa dessa aflição! Rogava a aflita
mãe.
De repente o céu foi tomado por nuvens pesadas com
relâmpagos e trovões anunciando uma chuva. Extasiados contemplavam a força da
natureza. Havia dois anos que não chovia. Subitamente nasceu entre eles uma
infinita esperança, uma extraordinária força, uma nova perspectiva, a chuva, a
água, a vida. Surgiu do mar de lágrimas daquela mãe uma imensa felicidade.
Pingos d’água se espargiam sobre eles quais fragmentos de vida. A água penetrava na terra gretada da estrada.
Momentos depois, molhados, famintos, abraçados, felizes e sorrindo caminhavam
de volta para casa. O menino corria à frente dos pais com um corpinho
macérrimo, esfaimado, mas cheio de esperança e alegria, sentindo o cheiro da
chuva ofertada pela natureza. No sertão é assim, quando chove tudo se renova,
todos voltam para suas casas, para plantar a semente do milho e do feijão. A
esperança renasce, os campos enverdecem, as flores desabrocham, os homens e
animais se alegram com a mudança. A chuva transformou o lugar estéril num
gracioso vergel entre campos verdejantes e floridos. A catingueira florou, as
roseiras se abriram e, na encosta da montanha, os ipês mostraram flores lilás, azuis e amarelas. Os
pássaros cantando anunciavam um novo momento de progresso no curso do tempo. Criança
ainda, Pedro sabia que aquela manifestação era obra do Criador mostrando sua
sublime grandeza. Permaneceram no sertão por algum tempo voltando a usufruir de
tudo que possuíam antes; plantações de milho, feijão, algodão, um açude com
muita água, gado, cabras, ovelhas pastando no campo e a alegria de ser feliz. Nas
noites lindas naquele belo lugar, especialmente em dias de lua cheia, quando a vitoriosa
família se reunia no terreiro da velha casa de tijolo aparente ao resplendor da
luz da lua. O pai, dedilhando as cordas de um violão, tocava lindas canções
sertanejas. Contavam belas histórias lembrando como haviam sido vitoriosos
diante dos desafios e como havia sido fácil vencer. A mãe contemplava o céu
estrelado, lembrando-se das palavras do filho Israel que havia partido: — Mãe,
o céu é tão lindo! O pai ao dedilhar as cordas do violão falava palavras que
lhe vinham à mente congestionada por sentimentos de vitória e gratidão ao
Criador:
Na venturosa e efêmera vida
Quando em matéria densa
Do imortal espírito
O sofrimento é
a semente
O fruto é a esplendorosa salvação
Da consciência de todas as existências
Que acolhe inumeráveis recordações
De ditosas passagens pela terra
Caminho para desvendar mistérios
Nas mansões do infinito Universo
Numa ternura que alenta a vida
Por uma sublime
e nova lição
Desarraigando as
imperfeições
Buscando a felicidade
e alegria
A
Bem-aventurança.
quinta-feira, 17 de março de 2016
Abigail
Abigail era uma belíssima mulher admirada por muitos rapazes
na cidade onde vivia. Em suas reflexões havia descoberto o poder da palavra que
tangida pelo pensamento poderia transformar sua vida e, assim mantinha firme determinação de tornar-se uma mulher ricamente
poderosa pelo exercício dos pensamentos e palavras positivas. Abigail era uma
jovem bem sucedida trabalhando como vendedora numa loja do interior do seu
Estado. Com presteza e dedicação atendia os clientes, e em momentos de lazer, incessantemente
pensava e escrevia, Hei de vencer, repetindo essas palavras todos os dias,
mantendo sua mente ocupada em planos futuros quando se tornasse milionária. Certo
dia descobriu que o comércio de madeira nobre era um bom negócio e começou a
exportar madeira, e em poucos anos havia construído um grande patrimônio,
tornando-se a mulher bela e poderosa que
sempre sonhou. Abigail tinha quarenta e dois anos de idade e lembrou-se que
havia chegado o momento de constituir uma família. Casou-se com Leonardo um rapaz
de baixa renda com apenas dezoito anos de idade. Abigail não considerou a
questão da diferença de idade visto que desejava casar com um homem mais novo,
vigoroso, inteligente e de boa índole com capacidade para gerir sua empresa. Ao
assumir o empreendimento Leonardo teve um bom desempenho e logo se tornou um
hábil empreendedor comandando todos os negócios e também desviando recursos
para si e terceiros levando a empresa à falência mostrando que não possuía
todas as qualidades que Abigail enxergara. Leonardo foi embora, e Abigail
perdeu tudo, voltando a sua antiga profissão de vendedora. Será que Abigail se
esqueceu de alguma coisa colhida nas
suas meditações?
sábado, 12 de março de 2016
O Pensamento
O homem
comum dorme alimenta-se e procria tal qual fazem outros animais, entretanto, o
homem que busca o conhecimento e a felicidade; repousa, alimenta-se, procria, possui
ideias, emoções, pensamentos e sentimentos. Sendo o grande segredo saber adquirir
bons sentimentos que enobreçam sua existência exercitando e transformando para melhor
o pensamento, sendo esse o atributo mais nobre e misterioso do espírito. Quando
ainda não conhecemos a grandeza do pensamento, imaginamos ser uma coisa muito
simples, no entanto o pensamento é dotado de uma imensa complexidade. Aí
ficamos a imaginar; como pode ser tão simples se o usamos a toda hora? A
verdade é que não é tão simples como às vezes imaginamos, porque nós somos o
que pensamos, sendo o pensamento a extensão do espírito. Podemos até fazer
alguma coisa sem refletir, mas jamais sem pensar. Em busca da felicidade o
homem constrói em torno de si uma muralha e dentro se encastela criando um mundo
volátil interior construindo um ser, sem observar a formação dos sentimentos
distanciados da realidade da sua construção. Nesse castelo o homem armazena
ideias e emoções trazidas por pensamentos que não foram filtrados ao chegarem a
sua consciência. Assim, o segredo é filtrar no coração os pensamentos negativos
transformando-os em pensamentos positivos e construtivos rejeitando os negativos.
Com pensamentos positivos podemos construir boas ideias, boas emoções e
consequentemente sentimentos elevados na construção do ser. Quando pensamos o
que estamos pensando logo descobrimos que o pensamento sadio traz boas ideias e
emoções, formando nobres sentimentos. Somos transmissores e receptores tal uma
emissora que transmite e recebe sinais, mas para termos domínio sobre o que o pensamento
captura e traz para a mente é preciso disciplina-lo, pois o que pensamos toma
forma, tornando-se real. Então podemos começar buscando ideias positivas e
emoções pautadas na racionalidade. Podemos fazer isso com um mínimo de esforço
pela poderosa força do querer. Surgindo na mente uma ideia negativa
transforme-a em positiva e dê a ela uma emoção também positiva e terá um
pensamento saudável, obtendo um sentimento nobiliárquico. Com um não ao negativo
ou um sim ao positivo podemos mudar nossa vida para melhor e viver um sonho de
alegria e esplendores. Tudo nasce no pensamento; a guerra, a paz a
desconstrução, a construção, o ódio, o amor, escuridão, a luz. É no pensamento
que se formam mazelas, virtudes, doenças, curas, saúde e as terapêuticas, enfim,
criamos aquilo que pensamos e somos o que pensamos. Com o pensamento formamos
nossa realidade, cuidando para que o pensamento não crie abismos em nossa vida.
A poderosíssima força do querer direciona o pensamento, criando uma forma viva podendo
essa ser materializada. Os bons pensamentos nos proporcionam sentimentos elevados,
verdadeiros diamantes que o Criador nos concede a todo o momento, banhando
nosso coração na luz singular da natureza, tingindo de brilho e harmonia nossa
vida nesse grande reino da criação.
segunda-feira, 7 de março de 2016
OITO DE MARÇO
Você é a mais pura e sublime manifestação
do Criador
É a Inspiração grandiosa da
natureza Divina
Que de Deus recebeu a magnífica missão
De ser mãe amorosa e a mais terna
das criaturas
Concebendo um ser, uma luz, a
vida
Mistério maior da sagrada criação
Acarinhando seus filhos com
ternura e amor
Docemente trazendo felicidade e
alegria
Sem alarde afastando a espinhosa
dor
Desejo-lhe a beleza da chuva na
varanda salpicando a flor
A paz de uma garça sobrevoando um
manso ribeiro
Desejo que a mais bela estrela seja sempre sua guia
Que o seu pensamento de mãe
amorosa
Conduza-lhe as mais belas mansões
do Criador
Desejo a pureza do sorriso de uma
criança beijando uma flor
Uma campina de flores perfumando
seu sorriso encantador
Uma amorosa manhã ensolarada sorrindo de alegria
Um jardim de risos e flores e a
melodia das fontes
Saúde, prosperidade e longa vida
de luz, paz e amor.
Beleza, ternura, amor, Mulher.
terça-feira, 1 de março de 2016
A Montanha
Talvez a expectativa de chegar à
montanha do Frade tornasse a estrada alongada, eu ainda guardava na lembrança
algumas coisas misteriosas que na montanha encontrei ainda no tempo de menino
quando nela subia acompanhado por meu cachorro Burlante conduzindo as ovelhas para
o platô no alto da montanha. Abri os vidros do carro para sentir o cheiro
característico do sertão. Pedi para Emanuel dirigir para que eu pudesse admirar
a paisagem sertaneja de inesquecíveis lembranças. Observando a terra gretada, avistei
uma casinha de taipa, em poucos minutos cresceu
no meu olhar, ao cruzá-la enxerguei animaizinhos pastando e, pessoas olhando
nossa passagem. Baixinho disse para mim mesmo: lugar simples, onde vivem
pessoas felizes! Aonde a felicidade vive, sofrimento não faz morada. ─ Lembra-se
desse lugar? Perguntou Emanuel. ─Sim, é Santa
Quitéria, enfeitada de Bouganwiles. Nesse
lugar fui tropeiro e boiadeiro, usando chapéu de couro, gibão e peixeira no
cinto, sorrindo respondi. ─ Aqui
almoçaremos, pois tem uma coisa que você gosta: Mel, pão de batata e queijo,
adiantou. Para o almoço sentamo-nos à mesa e espontaneamente as pessoas falavam
e sorriam forte, logo percebi estar no acolhedor sertão cearense.
Voltamos à estrada viajando a baixa
velocidade admirando o cenário que conheci quando menino. Num trecho da estrada
reconheci que um dia nesse lugar fui iluminado por uma misteriosa estrela que até
hoje e sempre vem norteando a minha vida. Falei com Deus chorando de felicidade
e alegria. Na estrada, mesmo olhando amiúde não enxerguei as plantas rasteiras
características do sertão que até na seca brotam alimentadas pelos nutrientes
da lua. No entanto encontrei: Marmeleiro, Emburana, Juazeiro, Aroeira, Umbu,
Catingueira e outros. Alguns ainda com folhas verdes. Ao meio dia escutei
distante, o cantar de um bem-te-vi, perdido no imenso sertão seco e montanhoso.
À beira da estrada cigarras protegidas por galhos ressequidos cantavam
anunciando uma tarde quente. Calangos atravessavam a estrada marcando presença
na melancólica paisagem. Cheguei a uma tapera, outrora fazenda dos caetanos, só
encontrando destruição; ossadas de gado, casa destruída, um pequeno cemitério
com cruzes derrubadas e sepulturas violadas por roedores. Pensando na coragem e
também no infortúnio do sertanejo, segui viagem chegando ao Frade, próximo da
montanha, lugar onde vivi. Estava diante da uma centenária casa de tijolo
aparente erguida há cem anos entre montanhas rochosas, onde a natureza me fez
nascer iniciando minha caminhada nessa encarnação de causalidade e grandes
venturas. ─Tio! Você quer mesmo ficar nesse lugar?Indagou Emanuel. Sim garoto, pois
tenho pendências a resolver. ─ Suas coisas estão arrumadas nessa sala maior, o
pote está cheio d’água. Eu preciso voltar a capital. Amanhã cedo tenho
muito trabalho, se você não der notícias
em 72 horas Voltarei, disse \Emanuel. Despedimos-nos, ele preocupado com a
minha segurança e eu feliz por tudo está dando certo conforme planejei.
Nos primeiros momentos ao visitar as
dependências da velha casa vi o passado erguer-se diante de mim, num ambiente
envelhecido pelo tempo, mas bem conservado. Um fato significativo se revelou
quando encontrei um fogão à lenha usado por minha mãe ao fazer o primeiro café
da manhã, deixando sobre o fogão um bule para quem chegasse beber café
quentinho, enquanto meu pai cuidava do gado no curral. Com os olhos pejados de
lágrimas voltei ao alpendre, e permaneci mirando a montanha que havia escalado quando
menino acompanhado por meu cachorro burlante. Eu sabia que aquela montanha
tinha importante significado para mim. Naquele instante sentia grande emoção
por tudo que ali vivi em companhia da mais amorosa mulher da minha vida, minha
adorada mãe. Agora, olhando fixo para a montanha não saia da minha memória a
lembrança das vezes que com ela conduzindo as ovelhas, subi a montanha e na
volta, no riacho ouvindo o murmúrio da água na correnteza ela sorrindo me cobria de carícias, afagos e
beijos.
À tarde fagueira surgiu mansamente,
no alto o sol brilhava qual labaredas de
fogo. Lembrei-me quando a família se reunia às tardes de domingo para assistir a
beleza do sol poente. Tinha presente no sacrário das minhas indeléveis
lembranças uma imagem viva do passado. O Sol beijando a montanha e eu olhando a
estrada enxerguei uma pessoa caminhando e se aproximando. Imaginei ser uma
inesperada visita, e como tal aconteceu. ─ Boa tarde, disse o homem. Boa tarde,
a que devo a honra dessa inesperada visita?─ Meu nome é Calixto, Cedo da manhã irei
para o platô na montanha, o senhor pode me conceder uma pousada até amanhã?
Sim, a casa é grande, sinta-se a vontade. Nos sertões é assim, receber um
hóspede é sempre uma grande honra. Docemente Calixto sorria mostrando ser homem
manso e simples; Calixto vestia calça de brim azul com furos e remendos, camisa
xadrez e alpercatas envelhecidas. Parecia ser um homem de sessenta anos, mas
quando perguntei sua idade ele sorrindo respondeu ser mais velho que a Terra. Calixto
passava uma boa energia e eu sentia-me feliz ao conversarmos. Logo nos
entendemos e passamos a conversar amiúde, parecia que já nos conhecíamos há
muito tempo. Calixto parecia ter em volta de si uma aura de luz, tão grande era
sua simpatia quando eu lhe perguntava alguma coisa. Não fazia parte dos meus
planos receber visitas por necessitar de silêncio a fim de desenvolver meu
trabalho de concentração mental, mas a visita de Calixto era uma dádiva de
Deus, assim eu sentia. Ao sentarmos à mesa para o jantar, em silêncio por
alguns minutos Calixto agradeceu ao Criador pelo alimento. Mesmo sem esse
sagrado habito, compartilhei. Eu havia levado pão, mel e vinho natural, Calixto
avoantes salgadas. Parecia adivinhar meu gosto. Tivemos um saboroso jantar com
muito sossego. Misteriosamente as coisas aconteciam iguais às contas de um
rosário; uma conta, após outra numa ordem crescente e natural. Após o jantar, ao
luar nos sentamos no terreiro da velha casa falando assuntos relativos às
belezas da Natureza. No alto contemplava um céu atapetado de astros e estrelas.
Um sereno de lua cheia em profusão se espargia sobre a terra, a luz da formosa lua
prateava as folinhas de pequenos arbustos em volta do terreiro e à brisa suave
da noite acarinhava meu rosto. Eu sentia a expansão da minha memória, e após um
profundo silêncio perguntei: Calixto
preciso entender a Natureza Divina, saber se vivemos sozinhos nesse infindável
Universo? Mansamente Calixto respondeu-me dizendo: ─ Todos estamos conectados ao Criador, e dessa forma
ligados ao Universo, e assim, a todas as vidas que Nele existem. Tudo que
pensamos, falamos ou fazemos está gravado na luz Universal. É assim que somos
um Só. Para entender a infindável Natureza é preciso merecer do Criador essa
graça que nós mesmos alcançamos pela nossa evolução que é única e pessoal. Olhemos
para o alto procurando enxergar a lua, os astros e estrelas. Se olharmos com os
olhos do espírito podemos enxergar tudo em torno do Sol e muito além. Fora da matéria temos infinitos atributos que
ainda desconhecemos em virtude da nossa pouca evolução espiritual e o
envolvimento com a densa matéria corporal.
O pensamento me fez viajar pelo Universo conduzido por luzes de infinita
grandeza na velocidade do pensamento, temporariamente desligado da minha matéria,
sentindo incomensurável felicidade pude compreender alguma coisa da Natureza Divina.
Tive uma compreensão do minúsculo lugar que ocupo no Universo, porém conectado ao Criador,
tive a certeza que não vivemos sós no Cosmos. Não vi o tempo passar, era manhã.
Calixto sorria dizendo: São minúsculas partículas das belezas e encantos da
Natureza, que não se pode pesar, medir ou contar. ─ Vamos subir a montanha? Convideu.
─ Sim, subiremos a montanha quando você quiser, indo ao encontro do
desconhecido. Amanheceu o dia numa canção de melodias douradas a luz do Sol nascente.
Sim! Amanhã subiremos a montanha.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Vida Mansa
Na distante
terra da exuberante Amazônia
Na
imensidão da majestosa floresta
Onde o
homem branco nem sonhou pisar
Em plena
harmonia com a natureza
Mora o
casal mais belo que já existiu
Inajé e
Avasy da tribo dos cajurás
Inajé tem o
porte de um deus da beleza
Avasy a
beleza que o escultor sonha criar
Moram num
Tapiri à margem do Igapó
Aonde a
água mima os peixinhos
Que na
claríssima correnteza passeiam
Vivendo do
jeito que a natureza criou
Lugar aonde
a roupa ainda não chegou
Entre
campinas, corredeiras e florestas
Numa pura e
sublime felicidade
Cenário enfeitado
pelas cores da natureza
Destacado
entre moradas de passarinhos
E bichinhos
simpáticos das matas
O Sauim,
alvas garças e as borboletas azuis.
Das manhãs
alegres e ensolaradas
Surgem as sonhadas
esperanças
De ver a
suave e mansa tarde chegar
Embelezada pelo
belo cantar ritmado
Dos tucanos,
bem-te-vis, maitacas e sabiás,
Anunciando
a meiga noite se apresentar
O Sol se
despede com seus raios dourados
Quando Inajé
e Avasy se recolem ao tapiri
Para em
festa contemplar, à noite, o luar e as estrelas
Quando
mansa e meiga chega à noite enluarada
Juntinhos
dormem se acarinhando numa rede de tuíra
Sonhando com
as belezas e perigos do dia
Admirando as flores,roseiras, sororocais e palmeirais
Fugindo da
onça pintada, montados num jacaré-açu
Onde em
ritual de amor esperam o amanhecer chegar
Admirados, ouvem
o melodioso cantar do Uirapuru
Ao romper
da aurora Inajé vai o almoço pescar
Tucunaré, jaraqui e tambaqui sem mais nada
faltar.
E tudo a recomeçar.
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Anauá
ANAUÁ
Encontrei-me
com Palmari em 1990, em uma inesquecível expedição, quando juntos visitamos o Império
de Naidon, uma civilização que existiu há muitos mil anos. Em 2010 recebi uma
mensagem de Palmari que novamente pedia um encontro na mesma região, próximo ao
Pico da Neblina, lugar localizado na serra do Imeri, próximo à fronteira com a
Venezuela e Colômbia, sendo o ponto mais alto do Brasil com 2.994 metros de
altitude. A bacia amazônica onde o Amazonas está inserido é o resultante de um
mar; um golfo, entre dois escudos, duas plataformas formadas de rochas
primitivas, uma ao norte, formando o escudo das Guianas e outro ao sul,
formando o escudo do Brasil Central. Esse golfo abria-se para o oceano
Pacifico, fechando-se do lado Atlântico pelo escudo africano, que ainda não se
desmembrara das Américas. Isso aconteceu há mais de setenta milhões de anos. No
período terciário com a elevação da cordilheira dos Andes formou-se ali uma gigantesca
barreira onde existiam mares internos bloqueando a saída para o pacífico,
mudando sua direção para desaguar no Atlântico, formando a bacia amazônica.
Depois da separação do continente africano algumas transformações começaram a
acontecer; o aparecer e o desaparecer de civilizações, indicações rupestres
deixadas por povos antigos e energias que quando capturadas materializam
vivencias do passado. Com o avanço da ciência e tecnologia a pesquisa tornou-se
mais avançada e podemos contar sua história, embora ainda seja uma ínfima parte
do que esperamos conhecer. Há dois anos planejava fazer uma expedição nessa
região a pedido de Palmari que na vez passada trouxe ao mundo uma revelação que
vem mudando o rumo da história da humanidade. Privar da companhia desse ser é
um extraordinário privilegio, por ser ele conhecedor das florestas, das águas
dos segredos e mistérios dos quatro reinos da natureza, de civilizações e
culturas arquivadas no templo das lembranças das infinitas recordações.
Quatro horas da manhã, o comandante Silvestre
aquecia a aeronave, pois estaríamos num voo de pelo menos quatro horas. Um
avião de pequeno porte e São Gabriel um imenso município localizado nos confins
do estremo norte do Amazonas, nosso destino nessa viagem. Rapidamente nos
reunimos embaixo da aeronave, falei algumas palavras e decolamos. Éramos quatro
expedicionários, Silvestre, habilidoso piloto e conhecedor do extremo norte,
Ailã e Anajé conhecedores da floresta, e eu, determinado a cumprir uma missão.
Brevemente estaríamos reunidos com Palmari em algum lugar próximo ao Pico da
Neblina. Sobrevoando o norte do Amazonas sobre o Rio Negro admirava a Bacia
amazônica atapetada de águas e floresta detentora de segredos e mistérios da
natureza, e absorto em pensamentos, exclamei:
Floresta,
sublime inspiração,
Da natureza
esplendorosa criação
Arco-íris,
seiva das belezas da vida.
Fonte de
brilho, encanto e pureza.
Favorece o
equilíbrio das matas
Guarnecendo
as lindas cascatas
Floresta,
firme cores da natureza.
Branca
pureza imaculada
Azul cor
firme do infinito
Verdes
árvores de tuas matas
Amarelo das
rosas e flores
Tela da
natureza infinita grandeza
Símbolo de
resistência e magia...
Após
três pousos, chegamos à bela cidade de São Gabriel, localizada entre rios;
cachoeiras, corredeiras, ilhas, montanhas e santuários deslumbrantes. Lugar
onde seus habitantes falam o Português, Nheengatú, Tucano, Baníua, Baré e
outras dezenas de Dialetos, ensinados nas escolas, tendo uma população quase
toda indígena com uma extraordinária cultura. Cidade marcada por excelentes
instituições de ensino com a presença das Forças Armadas Brasileiras e dos
Salesianos, ricos na arte de educar. Silvestre guardou o avião, e nos dirigimos
ao hotel. Estávamos exaustos e Ailã
sentia ânsia de vômito, por não ser dado a viagens longas, mesmo assim, após o
jantar Ailã e Anajé se ausentaram para conhecer os pontos turísticos da cidade.
Eu e silvestre permanecemos no hotel planejando o dia seguinte que certamente
não seria fácil, dado o tanto que faltava para chegarmos ao encontro com
Palmari. Às quatro horas da manhã estávamos prontos e Ailã tinha o Land Rover
abastecido, pronto para a viagem. Serviam o café quando surgiu em minha frente
uma mulher dizendo chamar-se Anauá, pedindo para me acompanhar até a área do
Pico da Neblina. — Eu nasci e vivo nessa região, e sei o que procuras: disse
Anauá. — Como você sabia da expedição? — A cidade é pequena e o bem-te-vi traz
as noticias boas. Achei estranho, mas a expedição não era secreta. Consultei os
expedicionários, e eles consideraram sua utilidade como guia. Anauá embarcou e
o Lander Rover lotou. Estávamos na estrada com destino a Ya-Mirim, e por
indicação de Anauá, pelo atalho economizamos três horas e chegamos ao meio dia.
Em Ya-Mirim deixamos o Landerrover, e numa potente lancha turbinada viajamos
até Camaburis, onde armamos o primeiro acampamento. Anauá indicou um caminho e
chegamos a Bebedouro Velho. Era noite, e alegres festejamos o sucesso da
expedição, com uma oração brindamos e, ao criador rogamos sua benção. Chovia de
mansinho e nos recolhemos às barracas. Estávamos exaustos.
Meditava
estar distante de casa, nos confins da Amazônia, quando fui surpreendido por
inesperada visita. Anauá chegou a minha tenda, pediu para entrar e olhando nos
meus olhos disse: — Sou eu, seu guia daqui para frente. Nada respondi, porque
fiquei embasbacado, nem sabia o que dizer. Até então não prestara atenção à beleza
daquela mulher, porém ao olhar seus olhos senti uma energia transcendental,
estava diante de mim uma pessoa de radiante beleza e encantamento. Encantei-me
por ela sem ver o tempo passar experimentando uma felicidade e contentamento
que me fez viajar para o céu do meu inconsciente, sem lembrar as desventuras
que um dia senti. Tudo de Anauá naquele efêmero instante eu desejei, e sei que
nada eu obteria se não fosse por sua própria vontade. Quis tocar seu corpo, mas
desencorajado fui, pelo seu sublime olhar de pureza, e voz, envolvido por luminosos
raios de luz. Extasiado perguntei: —
Quem é você? — Sou servidora da casa do velho Palmari. Ainda hoje chegaremos a
sua casa, respondeu. — Porque não nos conduziu a sua presença? — Dele você terá
a resposta, respondeu Anauá. — Na aurora boreal seguiremos uma trilha e após
duas horas de caminhada estaremos com
Palmari que lhe aguarda para transmitir uma mensagem, concluiu a enigmática
mulher. Ailã e Inajé caminhavam à frente, Anauá indicava a direção e os mateiros
abriam espaço entre o sororocal e o palmeiral, parecia que os mateiros não
tocavam no chão, nunca havia visto homens dessa natureza. Era manhã radiante, o
Sol brilhava num céu azul sem anunciar chuva, proporcionando aos meus olhos e
sentidos uma deslumbrante manifestação da Natureza. — Como sabes estarmos na
direção certa? Perguntou Silvestre. — Pelo sinal de Anauá. — respondi. Assim
respondi por sentir que éramos guiados por Anauá. A cada passo a estrada se
alargava sentindo a felicidade se
expandir dentro de mim. Entre cachoeiras cristalinas, arco-íris, e plantas amazônicas
floridas; Cipó Mariri, Pau-d’arco, Castanheira, Mulateiro, Caranapaúba, Maçaranduba,
Apuí, Breu e Samaúma. Entre tantas não enxerguei a altura da Majestosa Samaúma
indo além das nuvens como se estivesse ligada ao Sol e estrelas no infinito. Encontrava-me
em um santuário, onde o cenário era a Natureza. Descobri estar penetrando em um
sagrado espaço, entre árvores milenares, plantas medicinais, um ambiente de
pura energia. Estávamos felizes e eu, lagrimando procurava entender à força da
Natureza. Raios do Sol como por encanto se transformavam em cristais formando
uma casa enfeitada com árvores e flores em forma de luz dourada, cascatas de
luz surgiam entre jardins suspensos num espaço de luz colorida, arco-íris se
projetavam no infinito céu. Anauá, Inajé, e Ailã tragados pela luz se
transformaram em entidades de outra dimensão. Sorrindo Palmari se apresentou, e
ao aproximar-se senti sua pura energia. — Eles foram ao seu encontro e você não
os reconheceu: O cavaleiro, Wanda, Bento e Naira e Anauá são a mesma luz e
estão sempre presentes em sua vida. A mensagem que lhe entrego é: Difundir para
a humanidade que o espirito encarnado pode e deve comunicar-se com o Universo
pelo pensamento captando ondas gravitacionais, escutando seres, ouvindo o Cosmo
colhendo ensinamentos, edificando um planeta de Paz. Cabendo a cada um
construir seu próprio ser usando como ferramenta a ciência. Essa é a mensagem
que só poderia ser revelada em um lugar de energia limpa em algumas regiões da
Terra. Concluiu dizendo: em breve nos veremos!
Estamos
regressando, sobrevoando belas cachoeiras, praias de areia alva qual a flor do
lírio, daqui pode-se sentir a calmaria da floresta, o piar dos passarinhos, o
silêncio do pouso da garça. —Veja Silvestre! Vem um avião em nossa direção. —
Trata-se de um avião militar, certamente caçando traficantes. — Vi seu olhar
para a bela Anauá! — Ela é encantada e mora muito distante da terra. —
Silvestre preste atenção ao voo, do contrário, eu não coopero com o
combustível. — Não conto com isso, você é pão duro. — Você seria capaz de
namorar a Anauá? — Não brinque coisa seria a gente nunca sabe... — Ah... Ela é
muito linda... —Veja! Que praia linda!!!
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